Secretário-geral adjunto do PS diz que Cavaco Silva “perdeu sentido de Estado”

Para João Torres, a “violência verbal que o professor Cavaco Silva utilizou revelam também que está, de alguma forma, inconformado com o facto de ter uma grande impopularidade no nosso país”.

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João Torres é secretário-geral adjunto do PS Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, afirmou este domingo que as declarações feitas pelo ex-Presidente da República Cavaco Silva no sábado revelam que "perdeu o sentido de Estado" e que está "inconformado" pela sua "grande impopularidade" no país.

"A agressividade e a violência verbal a que o país ontem [sábado] assistiu por parte de um antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República revelam que o professor Cavaco Silva perdeu o sentido de Estado que se exige", afirmou João Torres em declarações aos jornalistas à margem da Gala dos 50 anos do PS-Braga, no Theatro Circo.

E prosseguiu: "Essa agressividade e violência verbal que o professor Cavaco Silva utilizou revelam também que está, de alguma forma, inconformado com o facto de ter uma grande impopularidade no nosso país."

Para o dirigente socialista, o mandato presidencial do social-democrata "é um mandato de que nenhum português tem particular boa memória e parece que o professor Cavaco Silva está mal resolvido com o seu passado".

No sábado, Aníbal Cavaco Silva acusou o Governo de ser especialista em "mentira e propaganda", num discurso muito crítico do executivo no 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa.

"Há que resgatar o debate político porque ele é importante em democracia. Segundo o que vemos, ouvimos e lemos, existem duas áreas em que o Governo socialista é especialista: na mentira, e na propaganda e truques", acusou. Considerando que o primeiro-ministro, António Costa, "perdeu a sua autoridade", o antigo chefe de Estado afirmou que por vezes os chefes de Governo "decidem apresentar a sua demissão" devido a "um rebate de consciência".

"Em princípio, a actual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas – foi isso que aconteceu em Março de 2011", afirmou.

Cavaco Silva defendeu que "o PSD é inequivocamente a única, verdadeira alternativa credível ao poder socialista" e considerou que o líder do PSD, Luís Montenegro, está "tão ou mais bem preparado" do que ele próprio antes de chegar a chefe de Governo.

O antigo Presidente da República (entre 2006 e 2016) considerou que o PSD "não deve ir a reboque de moções de censura apresentadas por outros partidos mais preocupados em ser notícia na comunicação social" – numa referência ao Chega e à Iniciativa Liberal, que já apresentaram moções de censura ao executivo socialista na actual sessão legislativa, ambas rejeitadas no Parlamento.

Em 26 de Novembro de 2015, António Costa foi empossado primeiro-ministro pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, passando a liderar o XXI Governo Constitucional.

Apenas 27 dias depois da anterior tomada de posse – do executivo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, que foi derrubado em 10 de Novembro de 2015 no Parlamento -, foi empossado o executivo minoritário do PS. Este Governo contou com uma solução inédita de suporte parlamentar de PCP, BE e PEV.

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