Uma Luz ao Fundo, vinda do País de Gales

Uma Luz ao Fundo é uma minissérie galesa de seis episódios que foi rodada em inglês e em galês. Graças à RTP2, e agora ao serviço RTP Play, que a disponibiliza na íntegra, chegou-nos a versão inglesa.

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Alexandra Roach é uma jornalista em Uma Luz ao Fundo Alistair Heap
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Ela desapareceu há 18 anos. Joe Pritchard foi preso pelo homicídio, algo que ele admite, mas diz não se lembrar do que aconteceu ao corpo, que nunca chegou a ser encontrado. A pequena cidade ficcional de Llanemelyn, em Gales, nunca mais foi a mesma, especialmente as pessoas que estavam directamente ligadas quer a Ela, quer a Joe. Quando Joe sai em liberdade condicional, questões que ficaram por responder na altura voltam ao de cima. Muitas são recuperadas por Cat Donato, jornalista, filha da terra e amiga de infância de Ela. É ela quem, anos depois de ter abandonado as suas raízes, regressa para vir escrever uma reportagem a focar o assunto.

É esta a premissa de Uma Luz ao Fundo, uma minissérie galesa de seis episódios que foi rodada tanto em inglês quanto em galês. Cá, graças à RTP2, e agora ao serviço de streaming RTP Play, que a tem disponível na íntegra, chegou-nos a versão inglesa.

A série centra-se em Cat, a jornalista, que narra a acção no primeiro e no último episódio. É interpretada por Alexandra Roach, que foi a jovem Margaret Thatcher em A Dama de Ferro, e também apareceu na Anna Karenina de Joe Wright. Muitas pessoas na cidade não estão contentes por ver Cat de volta e não querem falar sobre o caso. Mas também temos Iwan Rheon, de Misfits e A Guerra dos Tronos, como Joe, o jardineiro que foi preso pelo homicídio e vive atormentado pela dor daquilo que terá feito. E, por fim, Joanna Scanlan, de The Thick of It, Getting On ou After Love, como a mãe de Ela, que, como seria de esperar, nunca recuperou minimamente do sucedido e ainda deixa a luz do quarto de Ela ligada, pelo menos até descobrir o que é que lhe aconteceu – é uma lâmpada que, por alguma razão, consegue manter-se ligada 18 anos –, um pormenor que dá nome à série.

Uma criação de Regina Moriarty, que trabalhou no serviço de liberdade condicional britânico durante anos, muito antes de se ter tornado argumentista, vale sobretudo a pena pelas interpretações, com Scanlan a destacar-se, brilhante como a mãe que não consegue, e compreensivelmente, ultrapassar o sucedido, ainda para mais com todas as incertezas que ainda pairam. A sua outra filha está prestes a casar-se, e a saída de Joe da prisão vai tornar ainda mais explícito o enorme rancor que sente, enquanto, ao mesmo tempo, lhe traz algum tipo de encerramento.

Também é assinalável a forma como Uma Luz ao Fundo olha para personagens nunca ultrapassaram o acontecimento trágico que as une e para as dinâmicas da cidade pequena. É isso que eleva a história em si, que tem bastantes buracos e muitos momentos implausíveis, além de seguir alguns lugares-comuns do género de maneira não totalmente original. Isso é especialmente notório na parte em que se versa sobre jornalismo (Cat anda a dormir com o editor, que passa horas a tentar convencê-la a escrever a tal reportagem, que por alguma razão as legendas traduzem como "notícia"). E, além disso, a série demora o seu tempo a chegar aonde quer chegar (não que chegue a aborrecer).

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