Michael J. Fox fala de mortalidade e de Parkinson: “Não vou chegar aos 80”

O actor, vencedor de um Emmy e de um Globo de Ouro, foi diagnosticado com Parkinson em 1991, aos 29 anos.

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O actor em 2015 Reuters/ANDREW KELLY

Numa entrevista ao programa "CBS Sunday Morning", o actor Michael J. Fox falou sobre a sua mortalidade e os desafios de viver com a doença de Parkinson há mais de 30 anos, incluindo as quedas e ossos partidos. A conversa com Jane Pauley destinava-se a promover o seu novo documentário "Still", que será lançado a 12 de Maio.

"Está a bater à porta", disse Fox, 61 anos, sobre a doença. "Está a ficar mais difícil. Está a ser mais difícil. Cada dia é mais difícil, mas é assim que as coisas são." Fox, actor vencedor de um Emmy e de um Globo de Ouro, foi diagnosticado com Parkinson em 1991, aos 29 anos. Tinha filmado Dr. Sarilhos e procurou aconselhamento médico por causa de um tremor que desenvolvera no dedo mindinho. Durante vários anos, não revelou publicamente que sofria da doença.

A doença de Parkinson é um distúrbio progressivo e debilitante que provoca, entre outras coisas, tremores e torções incontroláveis, fala arrastada, dificuldade de equilíbrio e coordenação. A doença, que progride à medida que as células nervosas do cérebro enfraquecem ou morrem, é mais comum nos homens, embora os investigadores não saibam porquê. Recentemente, o actor Richard Lewis, 75 anos, anunciou que tem Parkinson.

Um excerto do novo documentário, que vai para o ar no canal de streaming Apple+, mostra Fox a tropeçar e a cair desamparado num passeio de Nova Iorque. Um transeunte pergunta-lhe como está, ao que o actor brinca: "Deixaste-me de rastos." Michael J. Fox conta que foi operado a um tumor benigno na coluna vertebral, o que "estragou" o seu andar, e que está menos estável. "Agora parto coisas", diz. "Este braço e este braço, este cotovelo. Parti a cara. Parti a mão ao cair", enumera.

As quedas são "um grande perigo" para as pessoas com Parkinson, mas também o alimentar-se, assim como o risco de pneumonia. "São todas estas formas subtis de nos afectar", resume. "Não se morre de Parkinson. Morre-se com Parkinson. Eu não vou chegar aos 80 anos."

Em 2000, Fox criou a Fundação Michael J. Fox para a Investigação da Doença de Parkinson, que tem apoiado algumas das investigações mais ambiciosas neste domínio. Em Abril, os investigadores anunciaram um grande avanço, identificando formas de uma proteína e um método de teste que pode ser utilizado para diagnosticar a doença de Parkinson muito mais cedo e reduzir o número de pessoas que são erradamente diagnosticadas com a doença.

A investigação tem origem na Iniciativa de Marcadores de Progressão da doença de Parkinson da Fundação Fox, que durante mais de uma década acompanhou mais de 1100 voluntários com e sem a doença. "Isto muda tudo", declara Fox sobre o trabalho que está a ser feito. "Com a situação actual, dentro de cinco anos seremos capazes de saber se as pessoas têm a doença, se a vão contrair e saberemos como tratá-la", resume.

Jane Pauley, que entrevistou Fox no início da sua carreira, referiu que a doença tem tido um impacto visível. "De cada vez que o vejo, vejo que a doença lhe tirou um pouco mais de alguma coisa", disse. "Não são muitos os que têm esta doença durante 30 anos. É uma porcaria. É mau ter Parkinson. Para algumas famílias, é um pesadelo. É um inferno. Temos de lidar com realidades que estão para além da compreensão da maioria das pessoas", respondeu o actor.

Apesar dos desafios de viver com a doença de Parkinson, Fox salientou que tem vantagens que outros não têm. "Tenho um certo conjunto de competências que me permitem lidar com estas coisas", explicou. "Com gratidão, o optimismo é sustentável. Se encontrarmos algo pelo qual estarmos gratos, então podemos encontrar algo pelo qual ansiar e continuamos", concluiu.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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