JP Morgan vai comprar activos do First Republic Bank e assume depósitos

Graves problemas financeiros na origem de nova intervenção das autoridades, depois do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.

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Autoridades fecharam venda do First Republic Bank em poucos dias Reuters/LOREN ELLIOTT

O JP Morgan vai comprar os activos da First Republic e assumirá a totalidade dos depósitos, anunciaram esta segunda-feira os reguladores financeiros dos Estados Unidos. Esta operação decorre de mais uma intervenção das autoridades, face aos graves problemas financeiros da instituição, sendo a terceira no espaço de apenas dois meses, depois do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.

Com o acordo fechado este domingo, as autoridades canadianas garantem que as 84 agências do First Republic Bank, em oito estados, serão reabertas esta segunda-feira já como agências do JPMorgan Chase Bank.

O Departamento de Protecção Financeira e Inovação da Califórnia e o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), a entidade responsável pela garantia dos depósitos, anunciaram que o JPMorgan aceitou ficar com 173 mil milhões de dólares em empréstimos e 30 mil milhões de activos financeiros. A operação inclui ainda a transferência da totalidade dos 92 mil milhões de depósitos, incluindo os que estão acima do montante garantido, ou seja, superiores a 250 mil dólares (cerca de 274 mil euros).

A FDIC antecipa perdas para o fundo de garantia de depósitos de aproximadamente 13 mil milhões de dólares, mas salvaguarda que que esse montante dependerá da liquidação judicial da instituição.

Entretanto, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos já se congratulou com o facto de a solução encontrada representar o menor custo para o fundo de garantia dos depósitos, garantindo que “o sistema bancário dos Estados Unidos continua sólido e resiliente”, disse um porta-voz do Tesouro na manhã desta segunda-feira.

A subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana tem sido apontada como a principal razão para as dificuldades dos bancos de menor dimensão, que levaram às quedas do Silicon Valley Bank e o Signature Bank, mas para as desconfianças dos investidores contribuiu ainda a liquidação voluntária do Silvergate, focado em criptomoedas.

A solução encontrada não salvaguarda os accionistas da até agora 14ª maior instituição norte-americana, uma vez que não contempla o valor da dívida, nem das acções, avança o Financial Times.

De acordo com fontes conhecedoras do processo, para além do JPMorgan foi um de vários compradores interessados, como o PNC Financial Services Group PNC.N eo Citizens Financial Group Inc CFG.N, que apresentaram propostas no âmbito do leilão realizado este domingo pelos reguladores norte-americanos.

“O nosso governo pediu-nos para dar-mos um passo em frente e nós demos”, afirmou o director executivo do maior banco americano, Jamie Dimon, ao Financial Times. “A nossa solidez financeira, capacidade e modelo de negócio permitiu-nos concretizar a operação de forma a minimizar os custos para o fundo de garantia dos depósitos”, acrescentou.

Logo após a falência do Silicon Valley Bank, alguns dos maiores bancos norte-americanos, como o Bank of America ou o Goldman Sachs, juntaram-se para ajudar a instituição sedeada na Califórnia através da realização de depósitos na instituição com um valor de 30 mil milhões de dólares (27,23 mil milhões de euros ao câmbio actual). Mas não só a saída de depósitos se manteve, como a instituição revelou na apresentação pelo dos seus resultados trimestrais, na semana passada, que ascendeu a 100 mil milhões de dólares de depósitos, o que agravou a desvalorização das acções da instituição.

No início de Abril, o First Republic tinha activos avaliados em 229,1 mil milhões de dólares e 103,9 mil milhões de dólares de depósitos.​

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