TAP: divulgação de informações confidenciais é “ataque ao coração da democracia”

Presidente da comissão de inquérito fala da divulgação de mensagens de Whatsapp e de correio electrónico que envolvem o Governo por duas televisões, horas depois de terem sido entregues sob sigilo.

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Jorge Seguro Sanches é o presidente da comissão de inquérito à gestão da TAP LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O presidente da comissão de inquérito à TAP considerou hoje que a divulgação de informações confidenciais em órgãos de comunicação social é um "ataque ao coração da democracia", que merecerá punição exemplar de responsáveis.

"Eu acho que isto é um ataque ao coração da democracia. São coisas que nos fazem pensar, efectivamente, que nem todos estamos a fazer o que devemos fazer pelo bem e pelo interesse público do nosso país. Acho que cumpre-nos identificar o que se passou, identificar os responsáveis e puni-los de uma forma que seja exemplar, até pelo exemplo público que possa ser dado", afirmou o presidente da comissão de inquérito à TAP, o deputado socialista Jorge Seguro Sanches, no final de quatro audições de representantes de trabalhadores da companhia aérea.

Seguro Sanches referia-se à divulgação de mensagens de Whatsapp e de correio electrónico, que envolvem o Governo, pela SIC e pela CNN Portugal, informações que também ficaram disponíveis esta manhã, na sala de segurança da comissão de inquérito.

"A confirmar-se, penso que na próxima reunião teremos de ter um ponto para tomarmos decisões em relação a esta questão", realçou Seguro Sanches.

O deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira recordou que estas comunicações "têm um emissor e um destinatário", embora tenha admitido que o momento da divulgação "empurra mais" a responsabilidade para o parlamento do que para os emitentes.

Já o deputado socialista Bruno Aragão pediu que, "mais do que reflectir", se deve "agir em conformidade". "O que espero é que não entremos em grandes discussões sobre reflexão e que se utilizem os mecanismos que estão previstos, para perceber o que aconteceu", apelou.

Por sua vez, o deputado comunista Bruno Dias disse não se recordar de uma comissão parlamentar de inquérito tão mediatizada que tivesse tantas notícias e comentários "sobre tudo, menos o que se trata na comissão". "Alguém está a ganhar muito com isto, mas não é a Assembleia da República, nem a democracia, de certeza", afirmou.

Jorge Seguro Sanches disse que não seria inédito a realização de um inquérito ao caso, que classificou como um ataque aos trabalhos da comissão, feito de uma forma "antidemocrática, ilegal e absolutamente inaceitável".

"Mas acho que precisamos de conhecer exactamente o que aconteceu e ter a certeza absoluta das suspeitas que todos temos sobre o que aconteceu", ressalvou o presidente da comissão.

O caso será discutido na reunião de mesa e coordenadores na sexta-feira de manhã, para decidir quais as respostas mais eficazes. "Tomaremos aí as deliberações necessárias", adiantou Seguro Sanches.

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