Cartas ao director

As afirmações de Lula da Silva

Sobre as insensatas afirmações de Lula da Silva, acerca da criminosa invasão russa à vizinha Ucrânia, colocando os beligerantes no mesmo pé de igualdade, e acusando o Ocidente de não querer a paz, fornecendo armas para que a Ucrânia não tenha já desaparecido do "mapa", vendo bem, o Presidente brasileiro está a ser fiel ao bloco BRICS, composto pelo Brasil, Índia, China e África do Sul, constituído em 2009, para fazer face a uma comum cooperação económica, política e militar. Portanto, a Europa, a NATO e os EUA que se cuidem, porque o Brasil há muito já fez a sua escolha a nível global.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Numa guerra todos perdem

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, pensa pela sua cabeça e não está enfeudado a quaisquer imperialismos. Seja russo ou americano. Para a invadida Ucrânia pede, e bem, diplomacia, cessar-fogo e paz. Alguém duvida que os EUA/NATO e a vassalagem da UE estão a estimular a guerra na Ucrânia? Perguntamos: caso o extinto Pacto de Varsóvia (cuja extinção pressupôs que a NATO não se expandisse à Europa de Leste) tivesse alargado a sua esfera de influência até ao México e ao Canadá, como reagiria a Administração norte-americana?...

A extrema-direita encapotada IL defendeu a não presença de Lula na AR, por "ser um aliado de Putin". Macron também busca a paz para a Ucrânia e, sendo liberal, por que razão esta agressiva extrema-direita não se insurgiu? Dois pesos e duas medidas é demagogia barata e ridícula. Facilmente desmascarada. Os interesses multimilionários subjacentes à guerra e seus defensores miseravelmente censuram.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

Torga e a visita de Lula

Estou de acordo com David Pontes quando afirma: "Para celebrar a mensagem do 25 de Abril, o Brasil é um excelente convidado, mas um confesso aliado de Jinping ou de Putin, nem por isso." E estou certo de que Torga também estaria de acordo.

Penso que nenhum português amou mais o Brasil do que o autor de Traço de União. E talvez seja possível dizer que nenhum português conheceu melhor a terra de Machado de Assis do que o primeiro galardoado com o Prémio Camões (em 1989, em S. Miguel, com a presença, emocionada, de Jorge Amado). Creio, também, que Torga teria sido um grande admirador do primeiro mandato de Lula e que respiraria de alívio com a notícia da derrota eleitoral de Bolsonaro.

O problema surgiria, essencialmente, com a notícia das aproximações do Presidente brasileiro a dois ditadores. Isto nunca poderia ser desculpado por um homem que ao longo de toda a sua vida foi um "defensor incansável do amor, da verdade e da liberdade" (Diário, 9-12-1993).

José Manuel Cymbron, Lisboa

Lula, PCP e paz

Como bem diz o líder do PCP, é espantoso existir algum "embaraço" pelo facto de o Presidente do Brasil, Lula da Silva, ter apelado à paz. Mais curioso, ainda, vir do PCP, que não poucas vezes tem sido "defensor de pensamento único e uniforme". Os EUA estão incomodados porque o Brasil tem uma opinião diferente sobre a guerra na Ucrânia?
Não é possível termos pensamento livre sem conotação com qualquer movimento ou partido, livres, e não termos todo o Ocidente a pensar como os EUA? A Europa está a seguir fortemente o que os EUA decidiram. Ponto. A Alemanha tentou pensar por si, mas o chanceler à Casa Branca foi chamado para mudar de rumo. A Áustria e a Hungria pertencem à União Europeia e querem a paz. A NATO já envia o seu chefe à Ucrânia, para quê?

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Os invertebrados

A Zoologia distingue bem dois grupos: os invertebrados, capazes de incríveis contorcionismos, e os vertebrados, que devido ao seu esqueleto interno são dotados de uma postura mais rígida. Em política, tal como na Zoologia, podemos encontrar gente muito diversa, mas fiéis aos seus princípios, com as quais podemos ter sérias discordâncias, mas que pela sua postura coerente merecem o nosso respeito. E se na Zoologia a existência duma coluna dorsal não impede uma infinidade de espécies, desde os répteis mais estáticos aos coloridos e voláteis pássaros, também na política podemos, mantendo uma postura credível, assumir posições antagónicas em muitas matérias, fixando assim eleitorados diversos. Vem isto a propósito da recente exigência presidencial quando veio estabelecer como critério mínimo para um partido ser candidato à governação que se demarcasse do Chega; e o PSD, que durante meses não foi capaz de repudiar toda a verborreia da extrema-direita, veio agora finalmente distanciar-se do Chega, num contorcionismo forçado.

Marcelo implantou uma prótese, uma coluna vertebral, no partido de Montenegro; mas, espero eu, o eleitorado não vai esquecer que a nova postura do líder não é genuína, é artificial, e isso nota-se muito.

José Cavalheiro, Matosinhos

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