Vitorino e convidados celebram o 25 de Abril na noite de 24 em Lisboa

No Terreiro do Paço, o cantor terá consigo os convidados Mafalda Veiga, Márcia, Zeca Medeiros, Luís Trigacheiro e o grupo Cantadeiras e Cantadores do Redondo.

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Num ensaio para o espectáculo: Luís Trigacheiro, Zeca Medeiros e Vitorino Manuel Rodrigues Levita/CML

Na noite de 24 para 25 de Abril, como é tradição em Lisboa, a Revolução dos Cravos celebra-se com música no Terreiro do Paço. A festa começa às 22h e prolonga-se até à meia-noite, início do tal “dia inicial inteiro e limpo” da memória de Sophia, fechando com o habitual fogo-de-artifício. Encomendado e produzido pela Câmara Municipal de Lisboa e pela empresa municipal EGEAC, o espectáculo deste ano tem por título Abril em Flor e o músico convidado é Vitorino.

Não é a primeira vez que Vitorino se vê convocado para tais celebrações, mas, cabendo-lhe agora a escolha do cartaz, juntamente com António Miguel Magalhães, justifica-a assim ao PÚBLICO: “Tinha de ter companhia, o que é óptimo, e fiz uma escolha com algum critério. Tenho um grumete, Luís Trigacheiro; gente que já navegou muito mais, a Mafalda Veiga; e depois tenho a Márcia e o Zeca Medeiros, uma figura dos Açores, muito amigo do Zeca [Afonso] e que também tem o coração no 25 de Abril.”

Com eles, estará o grupo Cantadeiras e Cantadores do Redondo. “Isso é imprescindível! Não os dispenso. Estão muito habituados a cantar comigo, e, além de lhes caber cantar Vou embora, vou partir e a Grândola, fazem o refrão do Traz outro amigo também e cantam a Queda do império comigo. São muito eclécticos e têm um poder de voz muito interessante.”

O repertório escolhido não assenta apenas em canções de Vitorino, adianta. “Vamos ao antes do 25 de Abril, passamos pelo Sérgio Godinho, pelo José Mário Branco e pelo Zeca, e pelo meu primeiro disco, Semear Salsa ao Reguinho [1975]. Eles acompanham-me nessa viagem, depois cantam comigo coisas minhas e eu canto com eles coisas deles. Misturamo-nos todos.”

Ao longo do espectáculo, que durará cerca de duas horas, haverá também leitura de poemas de canções, com artistas como Aldina Duarte, Capicua, Carlão e Tim a darem voz a textos de Manuel Alegre, Sophia de Mello Breyner, Jonas Negalha e Ruy Belo. Não serão presenciais, estas participações, mas em vídeo, projectadas numa tela. A par disso, haverá ainda uma intervenção gráfica permanente de António Jorge Gonçalves, que, conforme diz a EGEAC no seu comunicado, “criará, a partir de algumas fotografias, um universo em desenho ao vivo projectado no palco”. O concerto contará com os músicos Sérgio Costa, Rui Alves, Carlos Salomé, Paulo Jorge e Guilherme Duque, dirigidos por Tomás Pimentel.

“É um espectáculo coerente e coeso, com poucas pausas”, diz Vitorino. “E isso aprendi com o circo, onde não há um segundo de pausa. Se saem os leões, entram dois palhaços a brincar, a cantar ou a chorar. Uma vez, com o Zeca, cantámos num circo, com as regras do circo. Fomos apresentados por dois palhaços e entrámos a correr como eles entram. Era Inverno, tínhamos capote, e entrámos eu a tocar concertina e ele a cantar o Vira de Coimbra. Foi no princípio dos anos 80, em Lisboa, a convite da Teté.”

António Miguel Magalhães, que partilha a direcção artística do espectáculo com Vitorino, acrescenta: “Está tudo a correr francamente bem. Os ensaios musicais têm acontecido, com a direcção do Tomás Pimentel; os artistas convidados têm trazido as suas propostas, muito frescas e inovadoras; e acho que vamos poder assistir a boas interpretações e boas versões de canções que todas as pessoas conhecem bastante bem. Acaba por ser, e foi essa a preocupação do Vitorino e minha, um espectáculo muito variado: música, um audiovisual muito forte com os artistas a dizerem em vídeos alguns dos maiores poemas de grandes canções, e o António Jorge a pintar ao vivo (ele é um pintor, na verdade). Vai ser muito interessante.”

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