O meu filho de 12 anos precisa de supervisão para fazer os TPC. O que fazer?

Um pai odeia microgerir a situação dos trabalhos de casa do filho. Mas, de outra forma, o rapaz não os faz.

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DR/Thought Catalog via Unsplash

Como lidar com um rapaz de 12 anos que precisa de supervisão constante para completar os seus trabalhos de casa? Se eu não o microgerir, ele distrai-se e não completa as suas tarefas.


Posso garantir que há centenas de pais que estão a ler isto que se revêem na vossa pergunta. A sua pergunta essencial para mim é: “Como lidar com um rapaz de 12 anos?”, e eu trocaria o verbo “lidar” por “apoiar”. E porque é que eu sugiro esta mudança? Porque os humanos são alérgicos à manipulação, especialmente rapazes de 12 anos de idade. Ele pode acreditar que precisa que esteja ao seu lado para completar o seu trabalho, mas posso garantir que ser manipulado atrapalha o seu crescimento e maturidade, em termos de aprendizagem e vida em geral.

Antes que isto pareça uma armadilha, esclareço que só sinto empatia pelos pais que se encontraram neste dilema. Nenhum dos pais que conheci decidiu um dia: “Vou criar uma situação insustentável de trabalho de casa e microgerir o meu filho!”. Não — hábitos como este são a morte do artista, e o que começa com uma pequena ficha de trabalho aqui e ali transforma-se em horas de lamúrias, lutas de poder e exasperação.

A forma como deve apoiar o seu filho depende da razão pela qual ele se distrai tão facilmente. À primeira vista, parece uma questão clássica de défice de atenção, mas não sabemos. A ansiedade pode parecer distracção. Uma dificuldade de aprendizagem pode parecer distracção. O trauma e a dor podem parecer distracção. Essencialmente, o cérebro salta assim que não tem a certeza do que fazer, e o que pode parecer uma questão de força de vontade é simplesmente uma dificuldade que não se está a conseguir ultrapassar.

Sentar-me-ia primeiro com os seus professores para obter uma imagem precisa de quem é o seu filho em ambiente escolar. Deveria definitivamente informar os professores sobre as lutas em casa, e perguntar-lhes o que vêem na escola. Em segundo lugar, se possível, pedir aos professores um adiamento da maioria dos trabalhos de casa. O que quer que os trabalhos de casa signifiquem (reforçar competências, terminar o trabalho da aula desse dia) não está a ser conseguido em casa. Os bons professores verão que o seu filho precisa de uma pausa e ajudá-lo-ão a criar esse plano. Em terceiro lugar, assim que puder, leve o seu filho às reuniões com os seus professores. Embora ele possa estar a debater-se, tem certamente idade suficiente para ter uma voz, opiniões e necessidades. Isto pode levar algum tempo, mas deve ser um objectivo.

Depois de falar com os professores, tenho esperança de que um caminho em frente se torne um pouco mais claro. Talvez tudo esteja “bem” e seja preciso simplesmente quebrar este hábito e deixá-lo prosseguir (o que é preciso fazer de qualquer maneira). Talvez o seu filho precise de testes para avaliar o seu estilo de aprendizagem, bem como as suas necessidades emocionais. Talvez precise de um tutor ou de pessoa externa para que possa tirar a intensidade “mãe ou pai/filho” da equação. Talvez o seu filho precise de um explicador, alguém que lhe possa ensinar ferramentas para que possa controlar o seu próprio tempo e atenção. Talvez precise de mais actividades, menos actividades, mais tempo de ecrã, menos tempo de ecrã, mais comida, menos comida, mais sono ou menos sono.

Há muitos factores que podem estar a contribuir para a distracção do seu filho, e é fácil sentir-se sobrecarregado. Mas tem o parceiro mais importante quando se trata de resolver esta questão: o seu filho. Como tem estado a microgerir há tanto tempo, pode ser difícil confiar que o seu filho é capaz de ser um agente de mudança na sua própria vida, mas quaisquer decisões devem incluí-lo. A própria essência da parentalidade é ajudá-lo a amadurecer até ao seu potencial máximo, o que exigiria trazê-lo para todos os planos.

Isto pode não ser rápido ou fácil, mas é melhor ser lento e estável, reparar a sua relação com o seu filho e deixá-lo encontrar alegria em aprender novamente do que obrigá-lo a “fazer os trabalhos de casa”. Lembre-se: os objectivos são o apoio, a maturidade e aprender mais sobre as capacidades do seu filho.

Reúna a sua própria equipa de apoio e comece já! Boa sorte.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B. Ribeiro

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