SpaceX: foguetão espacial mais poderoso descolou. E explodiu

Era o primeiro voo da SpaceX com o foguetão e a nave espacial. Quatro minutos após o lançamento, ambos explodiram. A próxima tentativa de descolagem deverá acontecer daqui a alguns meses.

Não era mais do que uma montra, mas seria a primeira viagem da nave Starship. Depois de atrasos e explosões nos protótipos, a nave Starship e o foguetão Super Heavy, da SpaceX de Elon Musk, chegaram a descolar esta quinta-feira naquela que seria a sua primeira viagem – para já, era um teste perto da órbita da Terra. Minutos depois de a nave e o foguetão terem descolado, ambos explodiram, avança a agência Reuters. Vimos os traços no céu. É um falhanço para Elon Musk.

A Starship será a nave espacial que a NASA irá utilizar para voltar a pôr humanos na Lua, na missão Ártemis 3, em 2025. À segunda tentativa, depois de uma válvula congelada ter adiado o voo de segunda-feira, este foi o primeiro lançamento do foguetão Super Heavy, com quase 70 metros de altura (a nave Starship tem 50 metros), e com maior impulsão do que qualquer outro foguetão já lançado da Terra. Continuaram a existir contratempos.

A pausa a 40 segundos do lançamento silenciou o entusiasmo, que só viria a ser restabelecido quando o relógio recomeçou a contagem decrescente: eram 14h33 e os berros nos “10, 9, 8...” só pararam quando a Starship descolou. Pouco depois, os ânimos refrearam-se e deu-se a explosão do veículo e da nave.

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A descolagem da Starship de Boca Chica (Estados Unidos) DR

Quatro minutos depois, o fim

De acordo com a agência Reuters, a nave Starship não se separou do foguetão no momento previsto, pelo que, quatro minutos depois da descolagem, todo o veículo explodiu. Apesar de ter descolado, o que a SpaceX tem enaltecido, a separação do foguetão e da nave espacial representa o falhanço deste ensaio. Até ao momento, não há ainda uma justificação para a falha na separação.

A SpaceX está a dar a entender que, apesar de tudo, este foi um sucesso por ser apenas um teste à descolagem e que dará informação aos engenheiros da empresa de Elon Musk para preparar próximos testes – onde tentarão manter o veículo até ao fim. O próximo teste do Starship será realizado daqui a alguns meses, de acordo com um tweet de Elon Musk.

O estremecer do Saturno V das missões Apolo, do Ariane 5 que tem servido a Europa na última década, ou mesmo do recente Space Launch System da NASA, não se compara com este “monstro”. Às 14h33, nas instalações da SpaceX em Boca Chica, no Texas (Estados Unidos), o Super Heavy exerceu uma força de 70 meganewtons, o que equivale à força necessária para mover na Terra 70 mil toneladas ao ritmo de um metro por segundo (e está a 90% da sua capacidade total).

Esta é a grande aposta da SpaceX de Elon Musk para dar boleia ao regresso à Lua, mas também para servir de táxi em futuras viagens turísticas a Marte – esse é, pelo menos, o objectivo final. No entanto, o percurso é, para já, apenas na órbita baixa da Terra, a 235 quilómetros do solo, onde deveria completar quase uma volta ao mundo. É a primeira oportunidade para testar, em conjunto, o foguetão Super Heavy e a nave Starship, ambos virão a ser reutilizáveis e com a capacidade para transportar cem pessoas.

Outros protótipos da Starship já foram testados em cinco voos abaixo do limiar do espaço, mas o foguetão Super Heavy nunca tinha descolado antes – pelo que este também foi um teste para este lançador espacial.

De Boca Chica, esta missão de teste à Starship tem sido gerida com cautelas. No último domingo, numa conferência privada na rede social Twitter, Elon Musk afirmava que não era expectável que o primeiro ensaio fosse um sucesso. “Provavelmente, amanhã [esta segunda-feira] não vamos ser bem-sucedidos. É algo especialmente muito difícil”, dizia, citado pela agência Reuters. Para esta quinta-feira, as esperanças também eram curtas: “Se fizermos outra tentativa, as hipóteses de voltarmos a adiar são elevadas”, perspectivou Jessica Anderson, engenheira da SpaceX, numa das transmissões dos canais da empresa espacial.

A empresa do multimilionário Elon Musk pretende que tanto o foguetão como a nave consigam realizar aterragens controladas no futuro, para que possam ser reabastecidos e reutilizados. Isso é algo que já conseguiram cumprir com alguns dos protótipos testados nos últimos anos, como com o foguetão SN15 em 2021.

O desenvolvimento de foguetões reutilizáveis é um dos aspectos fundamentais na estratégia da SpaceX. Já em 2019, quando a Starship foi apresentada pela primeira vez, Elon Musk destacava a importância desse reaproveitamento: “Imaginem que cada vez que tivéssemos de voar, de avião, fosse necessário um equipamento novo, ou que só pudéssemos utilizar um carro uma vez?” À época, estava previsto que logo em 2021 a Starship transportaria satélites para o espaço – algo que não aconteceu.

A Starship foi desenvolvida para conseguir ser reabastecida em órbita, permitindo que a SpaceX transporte uma carga muito mais pesada e, potencialmente, dezenas de pessoas – ou até uma centena como espera a empresa.

Este era apenas o primeiro de vários ensaios que a SpaceX teria de realizar antes de integrar o programa Ártemis, da NASA, para provar que é seguro para levar humanos a bordo. “Este é o primeiro passo de uma longa jornada que vai necessitar de muitos voos”, garantia no domingo Elon Musk, citado pela agência Reuters.

A missão que prevê contar com a Starship para humanos na Lua, mais de 50 anos depois da missão Apolo que levou Neil Armstrong e Edwin Buzz Aldrin, em Julho de 1969, está prevista para 2025.

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