TAP: Governo recusa enviar parecer à CPI com “salvaguarda do interesse público”

Segundo o gabinete da ministra Ana Catarina Mendes, a divulgação do parecer “envolve riscos na defesa jurídica da posição do Estado”. Em causa está a fundamentação da saída dos ex-líderes da TAP.

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Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O Governo justificou esta quarta-feira a recusa em enviar à comissão de inquérito da TAP os pareceres jurídicos que deram respaldo à demissão da anterior presidente-executiva da companhia com a necessidade de "salvaguarda do interesse público".

Numa nota enviada à agência Lusa, o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, alega que "o parecer em causa não cabe no âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI)" e "a sua divulgação envolve riscos na defesa jurídica da posição do Estado". "Por isso mesmo, a resposta do Governo à CPI visa a salvaguarda do interesse público", assinala a nota do gabinete de Ana Catarina Mendes.

O Governo alega que "os processos de demissão dos anteriores CEO e Chairman da TAP têm sido objecto de manifestações públicas susceptíveis de gerar contencioso entre os visados e o Estado".

O gabinete de Ana Catarina Mendes manifesta "toda a disponibilidade" do Governo "para colaborar com a Assembleia da República e, em particular, com a Comissão Parlamentar de Inquérito", assegurando que "o respeito é absoluto".

Rejeita, contudo, "um clima de tensão permanente em volta de uma CPI que deve trabalhar com tranquilidade e com a qual o Governo coopera com toda a lealdade institucional".

Esta posição surge no dia em que o PSD, através do deputado Paulo Moniz, acusou o Governo de "actuar à margem da lei" por recusar enviar à comissão de inquérito à TAP os pareceres que deram "respaldo jurídico" ao despedimento por justa causa da anterior presidente-executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener.

O coordenador do PSD na comissão de inquérito à TAP, Paulo Moniz, explicou que o partido pediu, através de um requerimento, a fundamentação jurídica referida pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, "aquando da conferência de imprensa do dia 6 de Março em que anunciou o despedimento por justa causa da senhora CEO da TAP".

"Acontece que fomos surpreendidos, imensamente surpreendidos, aliás, estupefactos com o facto de não nos ter sido remetida esta informação, onde imediatamente resulta claro que os senhores ministros não só iludiram os portugueses quanto à propalada segurança jurídica da sua decisão, como também se conclui que estes mesmos ministros actuam à margem da lei", disse o deputado social-democrata.

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