Adesão à greve de professores por distritos acima dos 85% nos primeiros dois dias

Nova ronda de greves distritais arrancou na segunda-feira, no Porto. Paralisação, que afecta as aulas depois do meio-dia, vai percorrer todos os distritos.

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Professores têm realizado vários protestos à porta do Ministério da Educação ao longo dos últimos meses Rui Gaudêncio

No primeiro dia de greve dos professores por distritos, que se iniciou no Porto na segunda-feira, a adesão "superou os 85%". O protesto seguiu esta terça-feira para Viseu, onde está a ter uma adesão "na ordem dos 90%", com "inúmeras escolas sem aulas", revelou em comunicado a plataforma de nove sindicatos que o convocou, e da qual fazem parte a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE).

Esta greve foi convocada no final de Março no sentido de reivindicar medidas nas quais o Governo não tem cedido, em particular na recuperação plena do tempo de serviço que esteve congelado e na eliminação das quotas e vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira docente.

"A greve começou como se esperava, com uma grande adesão por parte dos professores e dos educadores, apesar de se ter iniciado logo no primeiro dia após a interrupção lectiva da Páscoa. Às 12h, em muitas escolas, os professores concentraram-se na rua, junto à entrada", referem as nove estruturas sindicais, onde se incluem a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), a Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (Sepleu), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (Sinape), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu) — além, da Fenprof e da FNE.

Apesar de avançarem com estes números, os sindicatos referem ser um valor difícil de apurar, uma vez que "há professores com aulas de manhã e de tarde, outros só com aulas de manhã e ainda alguns com actividade na escola somente de tarde".

Esta greve, para a qual o ministério não solicitou serviços mínimos, arrancou no Porto, seguiu para Viseu e irá percorrer todos os distritos do país por ordem alfabética inversa e terminará em Lisboa.

Esta quarta-feira, a paralisação será em Vila Real, na véspera de mais uma reunião negocial com o Ministério da Educação, para discutir medidas que visem a “correcção das assimetrias” resultantes do congelamento das carreiras.

E na qual, acusam os sindicatos, a tutela "se apresentará com uma proposta que não recupera qualquer dia dos que continuam congelados e prevê um regime de dispensas de vaga que é discriminatório, injusto e excludente".

Governo e sindicatos têm travado um duro braço-de-ferro desde que as negociações começaram, em Setembro, não tendo ainda chegado a acordo nas matérias-chave em discussão. Em Março passado, concluiu-se, sem acordo, o processo negocial sobre concursos, estando agora em discussão a progressão na carreira dos docentes mais afectados pelo congelamento do tempo de serviço.

O Governo já reiterou que não haverá disponibilidade para a recuperação integral do tempo de serviço congelado, mas os sindicatos dizem não abrir mão dos seis anos, seis meses e 23 dias que não estão contabilizados para efeitos de progressão na carreira. As estruturas sindicais exigem também o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, que consideram ser um “travão artificial” à progressão na carreira.

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