Inquérito de Estimação: Projecto Risca

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. O Projecto Risca resgata animais exóticos por todo o país.

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O Projecto Risca resgata e acolhe animais exóticos Projecto Risca

Em Lisboa, já muitas as pessoas conheciam o trabalho de Sarah Vanessa nas associações de protecção animal. Resgatava cães e gatos abandonados e, aos poucos, começou a fazê-lo também com animais exóticos.

Em Maio de 2018 fundou o Projecto Risca, a casa temporária de coelhos, chinchilas, porquinhos-da-índia e, mais recentemente, petauros-do-açúcar abandonados pelos tutores.

Com o aumento dos pedidos de ajuda, por vezes de outras zonas do país, Marta Mendes e Sónia Rodrigues juntaram-se à equipa. Neste momento, dividem o trabalho entre as três: Sarah cuida dos animais de Lisboa, Marta Mendes fica com os do Porto e Sónia Rodrigues com os de Coimbra.

O projecto não tem espaço físico, mas são vários os voluntários que ajudam a cuidar de todos estes animais. Quando já não há espaço nas casas de Sarah, Marta ou Sónia, há sempre uma família de acolhimento temporário disponível para os receber. A chinchila Frida, a coelha Fogaça e Narval e um petauro-do-açúcar que se tornou na mascote do Risca são alguns dos animais resgatados.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

Consideramos que uma das medidas mais prioritárias seria incluir mais espécies na categoria de animais de companhia. Os animais exóticos não estão categorizados como tal e acabam por cair nas lacunas da lei no que toca a medidas de protecção de bem-estar.

A maioria dos casos de maus tratos que denunciamos não tem qualquer tipo de resposta da parte das forças de autoridade porque os exóticos não são considerados animais de companhia. Existe criação ilegal com “criadores” não passam factura ou fazem criação de animais não certificados, como aves ou furões.

As medidas para animais exóticos domésticos são ainda muito pobres no que toca a perceber do que realmente precisa cada espécie para estar saudável.

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Coelhos, chinchilas e porquinhos-da-índia são alguns dos animais resgatados Projecto Risca

Um caso marcante

Temos vários animais que nos tocaram de maneira especial, mas normalmente são os mais debilitados que acabam por ser mais especiais. O Beethoven, o Ratinho, a Narval e o Nilo foram alguns deles.

O animal que nos marcou mais recentemente foi a Quina, uma coelha de criação para consumo que era mantida em condições desumanas. A Quina não tem uma pata traseira que foi amputada devido à rede que utilizam nas caixas onde eles vivem, tinha um ombro luxado e outros problemas de atraso de desenvolvimento causado por acasalamento descontrolado de espécies geneticamente próximas.

Quando foi acolhida no Projecto Riscas, este animal não tinha mais do que 500 gramas. Na verdade, nunca cresceu muito e, infelizmente, não chegou a fazer um ano connosco. Apesar de todos os nossos esforços e tratamentos veterinários não a conseguimos salvar.

O Roger, um porquinho-da-índia que nos foi entregue porque os ex-tutores não queriam um animal doente, é outro destes casos de negligência. Com dois anos, o Roger pesava apenas 570 gramas quando o peso ideal seria entre 1,5 quilos. Além disto, tinha um abcesso na boca maior que a cabeça por causa do sobrecrescimento dos dentes.

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Aconselhamos a ler sobre os animais e falar com veterinários de exóticos para saberem os preços de vacinas e esterilizações. Nós também estamos sempre disponíveis na página do Facebook ou do Instagram para esclarecer dúvidas.

O desconhecimento de esterilização e da manutenção de animais com outros do sexo oposto leva a que nos entreguem animais gestantes ou ninhadas porque o tutor não tem capacidade de tomar conta de todos. Temos casos de alguém que adoptou uma chinchila que morreu devido ao calor; outra pessoa entregou um coelho que ataca porque não está esterilizado e outro que deixou o animal porque teve um filho e não tinha tempo. Acima de tudo, um animal é um grande compromisso que deve ser encarado como uma grande responsabilidade.

Um projecto que tem que ser conhecido

Neste momento colaboramos com o projecto Bichos Exóticos, que se dedica a resgatar roedores de porte mais pequeno. Já fizemos vários resgastes em conjunto e achamos que se existir colaboração entre projectos e associações a protecção animal cresce.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

Não conseguimos escolher apenas uma pessoa, porque são muitas as voluntárias e voluntários que nos ajudam, as FATs [famílias de acolhimento temporário] que nunca recusam animais e os acolhem como parte da sua família e os donativos que nos ajudam sempre a chegar mais longe. Agradecemos a todos e, claro, aos nossos veterinários que estão sempre disponíveis.

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