Elas estão praticamente em todo o lado, mas nós "pisamo-las, envenenamo-las, roçamo-las, maltratamos as plantas que já tivemos como grandes aliadas". "Mas há quem as defenda, as mime, as colha e as coma — com todo o respeito." São os adeptos do foraging, que estão cada vez mais activos entre nós.
"Foraging, forragear, colher, respigar ou simplesmente apanhar, é o acto de colectar alimentos silvestres gratuitamente. Embora tenha ganhado uma maior popularidade nos últimos anos, e de até ser trendy numa ramificação da cozinha de autor, para os nossos antepassados mais distantes foi simplesmente um modo de vida, uma necessidade num momento em que tínhamos as plantas como grandes aliadas e em que encontrávamos nelas o conforto que precisávamos", ensina-nos o Luís Octávio Costa, que saiu para o campo, e para o mar, em busca de plantas a que erradamente chamamos daninhas mas que, afinal, têm um potencial enorme.
Foi na companhia de gente experimentada, como a herbalista Fernanda Botelho; da malta d’ A Recoletora, que periodicamente organiza passeios para recolher plantas que muitas vezes desprezamos; e da Gata da Mata, um projecto que quer chamar a atenção para o jardim que temos plantado no mar. A Alexandra Prado Coelho ajudou a esta festa silvestre, e foi com os chefs Gil Fernandes e João Marreiros ver que espécies silvestres se usam na cozinha de autor. E, de brinde, o Luís Octávio ainda foi conhecer a espanhola María Ulecia, que está a criar um herbário cerâmico no Porto, ao desenhar e pintar em azulejos as plantas que encontra na rua. É a María que está na linda capa da edição da Fugas em papel. Eu cá sou suspeita, mas estes são textos mesmo apetitosos, e não pode deixar de os ler.
Bom fim-de-semana e boas fugas!