Coreia do Norte confirma teste com míssil intercontinental de combustível sólido

Os propelentes sólidos permitem que os mísseis balísticos intercontinentais sejam carregados de forma muito mais rápida e segura.

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Kim Jong-un e a sua filha assistem ao lançamento do novo míssil Hwasong-18 EPA/KCNA

A agência de notícias da Coreia do Norte, a KCNA, disse nesta sexta-feira que o país testou um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido, o Hwasong-18, para "aumentar radicalmente" a sua capacidade de resposta nuclear.

Na quinta-feira foi noticiado que o país tinha feito um novo teste, mas havia dúvidas sobre se se tratava de um novo tipo de míssil.

Numa reacção ao teste, o Ministério da Defesa sul-coreano disse que a Coreia do Norte ainda está no período de desenvolvimento do novo míssil e precisa de mais tempo para dominar a tecnologia, sendo expectável que Pyongyang realize mais testes no futuro.

"O desenvolvimento do novo tipo de míssil Hwasongpho-18 vai reforçar de forma significativa os componentes de dissuasão estratégica [da Coreia do Norte], vai melhorar radicalmente a eficácia da postura de contra-ataque nuclear e vai provocar uma mudança nos aspectos práticos da estratégia militar ofensiva", disse a KCNA.

Analistas ouvidos pela agência Reuters dizem que é a primeira vez que a Coreia do Norte usa propelentes sólidos num míssil balístico de alcance intermédio ou intercontinental.

O desenvolvimento de um míssil de combustível sólido é visto há muito como um objectivo fundamental para a Coreia do Norte, pois poderia ajudar o país a lançar mísseis mais rapidamente num cenário de guerra.

Mais testes?

A maioria dos mísseis balísticos do país usa combustível líquido, o que exige que sejam carregados com propelente nos seus locais de lançamento — um processo demorado e perigoso.

"Para qualquer país com capacidade nuclear, os mísseis de propelente sólido são incrivelmente desejáveis porque não precisam ser abastecidos imediatamente antes do uso", disse Ankit Panda, investigador no instituto Carnegie Endowment for International Peace. "Essas capacidades são muito mais responsivas em tempos de crise."

Segundo Panda, a Coreia do Norte manterá alguns sistemas de combustível líquido, complicando os cálculos dos EUA e dos seus aliados durante um conflito.

Vann Van Diepen, um antigo especialista em armamento nuclear no Governo dos EUA, e que agora trabalha no site 38 North, disse que os mísseis de combustível sólido são mais fáceis e seguros de operar e exigem menos apoio logístico — tornando-os mais difíceis de detectar e mais resistentes do que os de combustível líquido.

A Coreia do Norte exibiu pela primeira vez o que poderia ser um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido durante um desfile militar em Fevereiro, depois de ter testado um motor de combustível sólido em Dezembro.

O lançamento mais recente ocorreu dias depois de Kim Jong-un ter ordenado o fortalecimento da capacidade de dissuasão do país de uma forma "mais prática e ofensiva", para conter o que a Coreia do Norte considera ser os movimentos de agressão dos Estados Unidos.

O míssil, disparado perto de Pyongyang, voou cerca de mil quilómetros antes de cair em águas a leste da Coreia do Norte, segundo a KCNA. A Coreia do Norte disse que o teste não representa uma ameaça para os países vizinhos.

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