Empresas portuguesas ganham 5,4 milhões de euros com missão europeia a Júpiter

A Agência Espacial Portuguesa destaca contributo das empresas para missão europeia até Júpiter. O lançamento da sonda Juice foi adiado para esta sexta-feira.

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A missão europeia a Júpiter prevê a chegada ao gigante gasoso em 2031 Hubble/NASA/ESA

A missão europeia que vai colocar uma sonda na órbita de Júpiter rendeu às empresas portuguesas envolvidas 5,4 milhões de euros em contratos, afirmou esta quinta-feira Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa (Portugal Space), em declarações à agência Lusa.

Ricardo Conde salienta que a missão representa “uma afirmação” da indústria portuguesa que se traduziu num “volume contratual” de 5,4 milhões de euros para as empresas envolvidas. Segundo o presidente da Portugal Space, trata-se da “missão da década” da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e a “antecâmara de uma participação” mais alargada de Portugal noutras missões.

“As capacidades que foram desenvolvidas para esta missão podem ser replicadas noutras”, frisa. A primeira tentativa de lançamento da ESA foi esta quinta-feira, a partir do Centro Espacial de Kourou (Guiana Francesa). No entanto, o mau tempo impediu a partida da sonda Juice (acrónimo em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter), que vai estudar Júpiter e três das suas maiores luas com potencial de albergarem vida. A descolagem, na base da ESA em Kourou, onde Portugal esteve representado por Ricardo Conde, está agora prevista para as 13h14 (hora de Portugal continental) desta sexta-feira.

O satélite inclui componentes fabricados pelas empresas portuguesas Efacec, LusoSpace, Active Space Technologies, Deimos Engenharia e FHP - Frezite High Performance.

O cunho português está também presente nas equipas de engenheiros e investigadores que contribuíram para os componentes e instrumentos a bordo da sonda europeia – alguns com estas empresas portuguesas. Por exemplo, um dos dois directores das operações de voo, responsáveis por liderar as equipas de lançamento e de manobras da Juice ou tomar a decisão de cancelar o voo, é Bruno Sousa, engenheiro português que está há duas décadas na ESA.

A Juice irá estudar o maior planeta do sistema solar e as luas Calisto, Europa e Ganimedes, onde os cientistas pensam que poderá existir água líquida (elemento fundamental para a vida como a conhecemos) debaixo das crostas de gelo à superfície destes satélites naturais.

A sonda europeia deverá chegar ao gigante gasoso oito anos após o lançamento, algo que está previsto, à data, para Julho de 2031. Desde esse momento até ao fim da missão, a Juice irá fazer 35 manobras de sobrevoo, nas quais se aproximará das três luas geladas, além de orbitar Júpiter e ainda a lua de Ganimedes na fase final do percurso – naquela que será a primeira vez que orbitaremos uma lua de outro planeta.

Os primeiros dados científicos desta missão são esperados em 2032.

Espera-se que a missão da ESA, que custou cerca de 1600 milhões de euros e teve a colaboração das agências espaciais norte-americana (NASA), japonesa (JAXA) e israelita (ISA) em termos de instrumentação e hardware, termine em Setembro de 2035 – quando a Juice embater na lua Ganimedes​.

Esta missão europeia é a segunda a ser lançada neste século em direcção a Júpiter. A sonda Juno, da NASA, é hoje o representante da Terra no gigante gasoso, tendo chegado ao planeta em 2016 para analisar a atmosfera e o campo magnético do planeta. Em breve, fará uma visita ao mundo vulcânico da lua Io – outra das grandes luas observadas por Galileu em 1610, quando descobriu também Calisto, Europa e Ganimedes.

Mas no próximo ano, haverá outra sonda a caminho, desta vez da NASA: a Europa Clipper. É a próxima missão a Júpiter da agência espacial norte-americana e, como o nome indicia, vai dedicar-se especificamente à lua Europa – onde parecem existir melhores condições para a existência de vida. Nenhum das três sondas (Juno, Juice e Europa Clipper) vai pousar em Júpiter ou em qualquer uma das suas luas.

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