Grupo Wagner suspeito de decapitar e exibir cabeças de soldados ucranianos

Instituto norte-americano refere publicações nas redes sociais russas que aparentam mostrar crânio de soldado ucraniano em espigão. Acto ocorreu na cidade de Bakhmut.

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Novas suspeitas de crime de guerra contra o grupo Wagner levantadas por instituto norte-americano Reuters/ZOHRA BENSEMRA

O centro norte-americano Institute for the Study of War (ISW) diz que existem novas suspeitas que ligam os mercenários do grupo Wagner a crimes de guerra na Ucrânia. Os paramilitares terão sido responsáveis pela decapitação de soldados ucranianos em Bakhmut, cidade da região de Donetsk palco de ferozes batalhas nas últimas semanas.

No relatório de situação publicado pelo ISW nesta segunda-feira​, o centro menciona publicações nas redes sociais russas que aparentam mostrar a cabeça de um soldado ucraniano exibida num espigão em Bakhmut. Foram ainda relatados incidentes deste tipo noutros territórios ucranianos ocupados pelo grupo Wagner, uma violação clara das regras da Convenção de Genebra, aponta o ISW.

"De acordo com relatos, as forças do grupo Wagner continuam a cometer crimes de guerra, ao decapitar militares ucranianos em Bakhmut. Utilizadores das redes sociais russas publicaram vídeos mostrando supostamente uma cabeça pertencente a um militar ucraniano num espigão, numa área de Bakhmut por especificar. Os utilizadores das redes sociais recordaram acontecimentos semelhantes de crânios montados em espigões em Popasna, no oblast de Lugansk, onde as tropas Wagner operaram na Primavera-Verão de 2022", pode ler-se no relatório.

Esta não é a primeira vez que o grupo Wagner é associado a actos de brutalidade, com muitos dos casos a serem contra membros do próprio grupo. Numa entrevista à CNN em Janeiro, um ex-mercenário que conseguiu escapar relata que os soldados que não queriam ir para a linha da frente eram executados publicamente, de modo a enviar uma mensagem aos restantes homens.

Os casos de fugas falhadas também foram instrumentalizados pelo grupo para enviar uma mensagem de tolerância zero. Em Novembro, um vídeo mostrava a execução de Yevgeni Nuzhin, cidadão russo de 55 anos que tinha feito parte do grupo com ligações ao Kremlin e que terá depois combatido do lado ucraniano. Foi assassinado com repetidos golpes de marreta, com o fundador e líder do grupo de mercenários, Yevgeni Prigozhin, a dizer que se tinha tratado de "uma morte de cão para um cão", chamando "traidor" ao homem executado.

Em Fevereiro, outro antigo mercenário foi assassinado de maneira idêntica. Um vídeo partilhado no Telegram mostra os últimos momentos de vida de Dmitry Yakushchenko, com o homem de 44 anos a relatar que saiu da prisão para se juntar aos mercenários do grupo Wagner e que procurou fugir à guerra. Fazendo uma comparação dos seus actos com os de Yevgeni Nuzhin, o antigo mercenário assassinado meses antes, também Dmitry foi morto com golpes de marreta, um dos símbolos do grupo Wagner.

Em Janeiro, o departamento de Estado norte-americano classificou o grupo Wagner como uma organização criminosa transnacional. O objectivo passa por dar maior margem de manobra aos EUA — e aos seus aliados — para tentarem limitar a capacidade dos mercenários russos nos combates contra as forças ucranianas.

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