Mossad desmente que esteja a instigar protestos contra Governo israelita

Documentos classificados do Departamento de Defesa norte-americano, que começaram a circular na Internet, dizem que os serviços secretos externos de Israel estariam por trás das manifestações.

Foto
Este sábado foi o 14.º consecutivo de protestos contra a reforma judicial do Governo de Israel NIR ELIAS/Reuters

Os serviços secretos externos de Israel desmentiram, este domingo, a informação contida em documentos classificados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que começaram a circular na Internet e que apontam a Mossad como um dos responsáveis dos protestos contra a polémica reforma judicial do Governo de Benjamin Netanyahu.

O primeiro-ministro israelita tem vindo a ser alertado pelas suas forças de segurança, militares e serviços secretos, internos (Shin Bet) e externo (Mossad), de que a reforma judicial põe em causa a segurança do país. E até o sector económico e empresarial está descontente com a situação.

Dezenas de milhares de pessoas têm-se oposto nas ruas há 14 semanas consecutivas contra uma reforma que consideram que põe em causa a democracia em Israel, por atentar contra a separação de poderes entre o legislativo e o judicial e ser feita à medida do seu primeiro-ministro, a braços com um processo em tribunal por corrupção, fraude e abuso de confiança.

Os documentos do Pentágono que foram divulgados nas redes sociais, e que os investigadores do FBI que estão a analisar a fuga da informação consideram legítimos, assinalam que a Mossad tem incentivado os seus funcionários a participar nessas marchas de protesto, “desde que não se identifiquem como integrantes da organização”.

Os serviços secretos, no entanto, negam que assim seja. “Esta publicação que aparece nos media americanos”, disse o gabinete do primeiro-ministro, em nome da organização, “é completamente falsa e absurda”.

“Nem a Mossad, nem os seus chefes incentivaram, ou vão incentivar, os seus funcionários a participar nos protestos contra o Governo ou em geral”, diz o comunicado divulgado pelo Times of Israel, citado pela Europa Press.

“A Mossad e os seus funcionários em exercício não se ocupam do tema dos protestos e têm-se mantido fiéis ao valor da estabilidade que guia a Mossad desde a sua criação”, acrescenta o comunicado.

Segundo o New York Times, que noticiou a filtração dos documentos do Pentágono, a informação referente à Mossad consta de uma actualização da situação em Israel feita pelos serviços secretos externos norte-americanos (CIA), datada de 1 de Março. A informação da CIA diz que os líderes da Mossad “têm defendido que agentes da Mossad e cidadãos israelitas protestem contra a proposta de reformas judiciais do novo Governo de Israel, incluindo vários apelos explícitos à acção que desacreditam o Governo israelita”.

No final de Março, Netanyahu anunciou a suspensão da reforma devido aos protestos que, no entanto, não pararam porque os manifestantes temem que o primeiro-ministro israelita esteja apenas a ganhar tempo para fazer passar a reforma mais adiante.

Sugerir correcção
Comentar