Esta terça-feira, vai ouvir-se um Éfe-Érre-Á (ou F.R.A., acrónimo de Frente Revolucionária Académica) bem forte na Universidade de Coimbra (UC) por conta da inauguração do novo espaço expositivo dedicado às vivências da comunidade estudantil. Localizada no rés-do-chão do Colégio de Jesus, parte do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, esta nova exposição promete levar os visitantes a reviverem os seus tempos de estudante ou, caso não o tenham sido, a entender as vivências de quem por ali passou. Recordam-se as maiores glórias desportivas da Académica, descobre-se o interior de uma república, de uma antiga sala de aula, sente-se o ambiente da Queima das Fitas e termina-se a ouvir o fado de Coimbra.
Esta nova proposta do circuito turístico daquela que é a instituição de ensino superior mais antiga do país vai buscar o nome, precisamente, ao grito exuberante lançado pela comunidade estudantil como saudação de honra ou manifestação de alegria — Éfe-Érre-Á – Momentos da Vida Académica, assim se designa o espaço — e é inaugurada em pleno Dia do Antigo Estudante de Coimbra. A ideia, segundo explicou à Fugas o director do Museu da Ciência da UC, Paulo Trincão, já estava a ser maturada “há quatro anos”, acabando por ganhar novo impulso quando um cidadão de Coimbra “ganhou o Orçamento Participativo de 2020 com um projecto para fazer uma exposição sobre a vida da academia”. Ou seja, este espaço surge da “junção das vontades da cidade e da universidade”, repara Paulo Trincão.
A mostra ocupa quatro salas. Na primeira, que dá acesso à sala seguinte por duas portas distintas (a da Cidade e a da Universidade), materializa-se a ligação indissociável entre Coimbra e a instituição de ensino superior mais antiga do país (e uma das mais antigas do mundo, com 733 anos de história): ladeada por duas grandes telas com imagens-vídeo, encontra-se uma reprodução da Torre da Universidade, que guarda no interior um dos seus sinos originais (a famosa Cabra). Seguindo pela porta da direita (a da Universidade), recorda-se o interior de uma antiga sala de aula e toda a memorabília a ela associada — incluindo o traje académico e as insígnias doutorais de Polybio Serra e Silva, professor catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina falecido em 2022. E passa-se, depois, para a sala do Desporto, que guarda os troféus e evoca os momentos mais emblemáticos da Associação Académica de Coimbra (AAC), com especial destaque para a primeira Taça de Portugal da história, conquistada pela equipa de futebol da AAC em 1939.
Música na hora da despedida
Da exposição fazem ainda parte as salas das Repúblicas e da Queima das Fitas. A primeira recria o interior de uma república, tipicamente uma casa arrendada por estudantes e “gerida nos ideais de coabitação democrática e gestão interna da vida colectiva”, palco da vida boémia estudantil, mas também de uma forte consciencialização cultural e política (visível na oposição ao Estado Novo nas décadas de 60 e 70 do século XX).
Na sala seguinte, evoca-se uma história mais recente: a da Queima das Fitas, cujas origens remontam a finais do século XIX. Com recurso a um ecrã com mais de dois metros de altura são projectadas imagens do cortejo e é reproduzido o som-ambiente da festa. A representação da Queima das Fitas é complementada com a exposição de parte do carro alegórico vencedor da última edição do cortejo (2022). “A ideia é que o carro vencedor de cada ano tenha a oportunidade de ser aqui exposto durante um ano”, anuncia Paulo Trincão. Para a despedida fica guardada a sala da Música, onde é possível ouvir uma pequena amostra dos estilos musicais — do fado à canção de intervenção — ligados ao ambiente universitário.
Mais do que um espaço para ver, Éfe-Érre-Á – Momentos da Vida Académica pretende ser “um espaço para as pessoas sentirem o que a universidade e a cidade têm de único”, vinca o director do Museu da Ciência. Pode visitá-lo a partir desta terça-feira — está integrado nos vários programas de visita ao circuito turístico da Universidade de Coimbra (com preços entre os oito e os 17,50 euros).