Cartas ao director

TPI vs. Putin

A guerra na Ucrânia parece estar cada vez mais enredada e o mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Putin veio, a meu ver, dificultar o caminho para a paz. Aliás, não terá outro efeito prático, senão esse. É escusado pensar que a prisão do Presidente russo tem alguma viabilidade, a menos que houvesse um surpreendente volte-face na conjuntura internacional. <_o3a_p>

A Rússia, como os Estados Unidos, entre outros Estados, não assinaram o Tratado de Roma. Isto, porque, nem uma nem outra das duas potências quiseram sujeitar-se à alçada desse tribunal e ver algum dos seus cidadãos no banco dos réus. Portanto, não reconhecem a sua soberania. Se, por acaso, algum país assinante do tratado pudesse deitar a mão a Putin e entregá-lo à justiça do TPI, hipótese praticamente impossível, tal equivaleria a um acto de guerra. Alguém duvida? Não seria o mesmo, se, por exemplo, fosse perseguido e capturado Georges W. Bush pelos crimes cometidos no Iraque?<_o3a_p>

E em caso de negociações para pôr termo à guerra, elas serão possíveis com um mandado de captura pendente? Claro que não. E o TPI vai retirá-lo? <_o3a_p>

<_o3a_p> António Costa, Porto

​Viva o capitalismo e a iniciativa privada, camaradas

​A vivenda Aleluia esteve para ser demolida, mas na altura o PCP alegou que este imóvel deveria ser classificado como património para tal não acontecer – quase 20 anos depois, o PCP cedeu aos interesses da iniciativa privada e ao capitalismo, que sempre atacam com grande ódio dogmático, vendendo o imóvel para construção de um prédio na principal avenida de Aveiro. Não pediu a sua classificação como se tinha comprometido com o anterior proprietário, mas, assim, os cofres do partido ficam bem recheados. Viva o capitalismo e a iniciativa privada, camaradas.

Luís Miguel Duarte, Oliveirinha

De palpite em palpite <_o3a_p>

Com tanto “falatório” sobre a descida do IVA em certos produtos, medida que já todos interiorizaram que não vai resolver nenhum problema, foi atirada definitivamente para o “rol do esquecimento” aquela velha reivindicação sobre a reposição da taxa de 6% nos consumos de electricidade e gás. O passar do tempo tem destas coisas inexoráveis, acabando por normalizar uma decisão que, relembremos, foi tomada em 2011 por Passos Coelho e Vítor Gaspar, “aquecidos” pelos calores da troika. Muito se barafustou, mas o “mal” ficou cá para sempre. <_o3a_p>

Nessa altura, acabrunhados pela acusação de termos andado a viver acima das nossas possibilidades, suportámos medidas em cima de medidas que, supostamente, nos puniam pelas veleidades cometidas antes. Hoje, “alunos bem-comportados” e inocentes, enfrentamos estoicamente recorrentes crises, e contemplamos, embevecidos, as medidas que tantos especialistas, sábios e indecisos, debruçados sobre complicadíssimos estudos, engendraram para resolver a inflação, a pobreza, a habitação, os baixos salários e mais um infindável et cetera. Não duvido de que o Governo esteja a fazer o seu melhor. O problema é que, se calhar, esse “melhor” se resume a ziguezagueantes remendos e experiências que ninguém sabe, com certeza, se vão resultar. <_o3a_p>

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

<_o3a_p>Honestidades

Tivemos a notícia de aumentos de preços no Pingo Doce logo depois de estar publicitada a medida de IVA zero em bens essenciais. A notícia referia apenas artigos de luxo como galões e pães com manteiga, mas, a partir dela, não é difícil imaginar o que se passou e passará na ampla região não coberta pelo IVA zero. A grande distribuição deve divertir-se imensamente com a decisão governamental; ela já foi declarada "difícil de fiscalizar" pelo presidente da Confederação do Comércio, e a longa experiência de manipulação de preços que distingue as grandes superfícies permitirá tirar até partido dela. É preciso não esquecer que o IVA zero significa não tocar num cêntimo do preço pretendido (já inflacionado); o fisco perde, e o consumidor ganharia se tudo corresse bem, o que não está garantido. Consta que o pequeno comércio tradicional não tem sido tão agressivo nos preços. Pois que prospere de novo, para bem de todos.

António Monteiro Fernandes, Lisboa

Jamais passarão

O ataque ao Centro Ismaili, em Lisboa, assanhou os eleitores do Chega e gerou aproveitamento político do seu líder culpando a "política de portas abertas sem qualquer controlo", mesmo que tudo indique que se tenha tratado de um acto específico do foro psicológico e não um acto terrorista. Nas redes sociais, a chusma de oportunistas do costume apontou o dedo aos migrantes, imigrantes, refugiados, tentando associar o trágico episódio ao radicalismo islâmico e culpando-os pelos males do país. Por mim, e tenho a certeza de que pela maioria da sociedade portuguesa, tenho a dizer-lhes que jamais passarão!

Emanuel Caetano, Ermesinde

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