Greve de três dias na EasyJet conta com 52 voos de serviços mínimos

Companhia aérea enfrenta nos dias 1, 2 e 3 Abril a primeira greve de tripulantes de cabina em Portugal. Serviços mínimos foram estipulados por despacho do Governo.

Foto
Easyjet diz que está a fazer "o possível para minimizar o impacto da greve" Bruno Lisita

A greve dos tripulantes de cabina da EasyJet em Portugal, marcada para os próximos dias 1, 2 e 3 de Abril, vai contar com 52 voos de serviços mínimos (incluindo ida e volta). Na falta de acordo entre a transportadora aérea e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), foi o Governo, através do Ministério das Infra-estruturas e do Ministério do Trabalho, que decidiu os serviços mínimos através de um despacho.

No documento, explica-se que “a determinação dos serviços mínimos a assegurar pela empresa contempla os serviços que [se] considera necessários para suprir as necessidades sociais impreteríveis referentes ao direito constitucional à deslocação, atendendo-se à época abrangida pelos dias de greve declarados, em que, por razões sociais, se assiste à deslocação de um número significativo” de pessoas.

No despacho estão 54 voos mencionados, mas, de acordo com o SNPVAC, dois deles são assegurados por tripulação britânica, pelo que não contam.

Em comunicado, o SNPVAC refere que, apesar de “manter o entendimento de que existe uma substancial oferta de voos realizados para estes destinos por outras companhias aéreas, salvaguardando assim as necessidades impreteríveis que o legislador pretende acautelar com a fixação de serviços mínimos”, o número fixado está “muito aquém dos 160 pretendidos pela empresa inicialmente”.

De acordo com o sindicato presidido por Ricardo Penarroias, até esta quarta-feira tinham sido cancelados antecipadamente 78 voos, o equivalente a cerca de 30% do total.

Sindicato fala em "clima de tensão"

“A direcção do SNPVAC tudo fez para evitar a situação em que nos encontramos hoje”, afirmou o sindicato em comunicado. “A mesma empresa que nos acusa agora de extremistas esqueceu-se que nos últimos 11 anos viveu uma paz social proporcionada pelos tripulantes portugueses e por este sindicato.”

“A empresa continua a apoiar-se numa política de baixos salários dos tripulantes das bases portuguesas para manter os seus trabalhadores com as condições mínimas para operar, apesar dos lucros provenientes do nosso mercado”, referiu o SNPVAC.

Esta é a primeira paralisação de tripulantes de cabina da EasyJet em Portugal, depois de um pré-aviso de greve que esteve marcado em 2017 mas que acabou por ser desmarcado.

A EasyJet não adiantou quaisquer números de voos afectados pela greve, afirmando apenas esperar “alguma interrupção” na operação de voos. “Estamos a fazer todo o possível para minimizar o impacto da greve aos nossos clientes, e, sempre que possível, cancelamos alguns voos com antecedência para dar aos clientes a opção de mudarem para outro voo gratuitamente ou obterem um reembolso”, afirmou fonte oficial da transportadora aérea, liderada em Portugal por José Lopes.

Num comunicado de 9 de Março, o SNPVAC mencionou a existência de um “clima de tensão e desagrado pelo longo impasse na resolução de diversos diferendos laborais”.

De acordo com o sindicato, as “bases e as rotas portuguesas estão entre as mais rentáveis na rede”, acrescentando que, “devido à conjuntura económica, os trabalhadores da EasyJet têm perdido poder de compra ao longo dos últimos três anos”.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários