Alemanha com inflação de 7,8%, acima do esperado para Março

Pacote de ajuda do Governo Federal está a reflectir-se na evolução do índice de preços, diz o instituto estatístico alemão.

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O chanceler alemão, Olaf Scholz, lançou um novo pacote de ajudas EPA/CLEMENS BILAN

A taxa de inflação na Alemanha abrandou em Março, à boleia de uma queda nos preços da energia, passando de 9,3% em Fevereiro para 7,8% na comparação homóloga da variação do índice de preços, mas ficou acima do projectado pelos analistas inquiridos pela agência Reuters.

Os analistas esperavam que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que permite comparações a nível europeu, registasse uma variação de 7,5% em termos homólogos, mas a diferença foi de 7,8%; também contavam que a variação mensal, entre Fevereiro e Março, fosse de 0,8%, mas a progressão no índice de preços foi de 1,1%.

O facto de o abrandamento ser menos acelerado, refere a Reuters, faz pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE) para que este mantenha a política monetária numa trajectória restritiva, depois do último agravamento das taxas de juro de referência neste mês de Março.

Depois de superar os 11% em Outubro e Novembro, o índice abrandou em Dezembro e Janeiro, passando para 9,6% e para 9,2%, respectivamente, quando se faz a comparação do índice entre cada mês com o respectivo mês do ano anterior. Em Fevereiro, o índice registou uma ligeira subida, para 9,3%, e já se previa uma desaceleração, embora esta tenha sido menor do que a prevista pelos economistas inquiridos pela Reuters.

Sem o cálculo harmonizado, a estimativa da inflação da maior economia da zona euro é de 7,4%, valor que o Instituto Federal de Estatística da Alemanha diz ser “substancialmente mais baixo” do que o registado nos dois primeiros meses do ano, de 8,7%.

“Os preços da energia e dos alimentos, em particular, aumentaram consideravelmente desde que a guerra começou na Ucrânia e tiveram um impacto substancial na taxa de inflação. Em Março de 2023, os preços dos alimentos continuaram a apresentar um crescimento acima da média (mais 22,3%) em comparação com o mesmo mês do ano anterior”, refere o instituto estatístico, referindo que, em sentido contrário, “o aumento dos preços da energia abrandou consideravelmente (mais 3,5%) depois de os preços da energia terem disparado em Março de 2022, quando a Rússia atacou a Ucrânia”.

Há um efeito de base, mas não só. A isso acresce o impacto das “medidas do terceiro pacote de ajuda do Governo Federal”, lançado em Setembro, que se reflectiu na evolução do índice de preços, refere o instituto estatístico.

Em Espanha, a quarta maior economia da moeda única, a inflação abrandou de forma significativa este mês, com o índice de preços no consumidor a passar para 3,3%, quando em Fevereiro a diferença homóloga estava nos 6% e nos dois meses anteriores estava próxima desse nível.

O índice que traça a evolução dos preços de bens e serviços no país vizinho continuou a aumentar, mas com uma subida mais suave. A variação em relação a Fevereiro é de apenas 0,4%.

Segundo o INE espanhol, “esta evolução deve-se, principalmente, ao facto de os preços da electricidade e dos combustíveis terem aumentado em Março de 2022 e diminuído este mês. A taxa de variação anual estimada para a inflação subjacente (índice geral excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) diminui uma décima, para 7,5%”.

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