Marcelo considera não ter havido “reacções políticas” ao ataque e elogia “bom senso” do povo

Presidente da República sugere que motivação do autor do ataque ao Centro Ismaili pode estar relacionada com intervenção no poder parental.

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Marcelo considerou que a família do agressor teve acompanhamento por parte do Centro Ismaili LUSA/CARLOS ALMEIDA

O Presidente da República considerou que “genericamente” a sociedade portuguesa "reagiu muito bem", que não houve “reacções políticas” ao ataque ao Centro Ismaili, em Lisboa, e que os portugueses reagiram com “bom senso” ao crime que as autoridades já consideraram não ter indícios de terrorismo.

Marcelo falava aos jornalistas no final da reunião do Conselho de Estado a propósito do duplo homicídio cujo suspeito é um refugiado afegão que tem três filhos menores e que estava a ser acompanhado pelo Centro Ismaili.

Questionado sobre as reacções políticas ao ataque, Marcelo desvalorizou. “Não houve genericamente na sociedade portuguesa, reacções políticas, políticas, e que os factos têm mostrado até agora que não havia razão para haver. É um bom sinal da maturidade da sociedade portuguesa, é a maneira de ser da comunidade ismaili e da natureza do facto em si”, afirmou, sem fazer referência à polémica posição do Chega sobre a política de emigração e responsabilização do Governo.

Marcelo foi também questionado sobre se o caso serve de alerta ao acompanhamento de refugiados e revelou que o motivo do duplo homicídio pode ter a ver com uma actuação no poder parental. “Houve um acompanhamento muito atento [da família do agressor], se houve problemas, se houve reacção pessoal, vamos ver se é essa a explicação, é precisamente porque houve da parte da comunidade a preocupação com aquela família. Mas isso acontece com muitas famílias em reacção perante a intervenção das instituições no exercício do poder parental”, afirmou.

O Presidente da República considerou que, "genericamente", a sociedade portuguesa reagiu “muito, muito bem” e com “bom senso” aos acontecimentos de ontem, sustentando que isso se deve aos "900 anos de História".

"Recuso-me a deixar a extrema-direita a falar sozinha"

Ao fim da manhã, Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, recorreu ao Facebook para, sem pôr nomes, reagir ao tweet escrito por André Ventura sobre o ataque no Centro Ismaili.​

O líder do Chega afirmou que o Governo tinha "sangue nas mãos" devido à sua "política de portas abertas" e a ministra respondeu classificando como "deplorável" fazer "do ódio uma forma de estar na política e na vida". Na mesma publicação, Ana Catarina Mendes nota ainda recusar-se a "deixar a extrema-direita portuguesa a falar sozinha".

"Fazer do ódio uma forma de estar na política e na vida é deplorável. Insistir em misturar tudo, com um discurso racista e nada humanista é instigar sentimentos que não têm lugar no Século XXI. Recuso-me a deixar a extrema-direita portuguesa a falar sozinha, apelando a instintos primários, num caso que é por si um acto hediondo, mas que não tem relação com políticas humanitárias de acolhimento de pessoas que perderam tudo. Há valores que são inegociáveis!", escreveu Ana Catarina Mendes.

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