Cair com Montgomery Clift

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Montgomery Clift Herbert Dorfman/Corbis via Getty Images

Naquela tarde, o campo de ténis recebeu outros jogadores. No chão de betão poroso, uma mulher jogava à bola com os filhos, enquanto, no exterior, o marido olhava para o telemóvel. Uma família, pensei. Paquistaneses, indianos, afegãos, nepaleses, não lhes apanhei a língua. Da mulher e das crianças, ouvi os risos — livres, quando lançavam a bola sobre a rede — do homem recebi o olhar desconfiado. Contra a alegria das crianças, a mulher também me fitou, antes de desviar o olhar. Enquanto os contemplava, aproximou-se um casal de jovens portugueses. Procuravam um cão perdido. Mostraram-me a fotografia. “Disseram que foi visto por aqui. Não o terá visto? A dona é russa, fugiu da Rússia, da guerra, do Putin. Está a viver em Portugal há coisas de duas semanas. Uma amiga soltou o cão e ele desapareceu. Se o vir, avise-nos. Estamos nas redes sociais”. Acenei, balbuciei algumas palavras e voltei a casa.

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