Navio NRP Mondego falha nova missão a caminho das Ilhas Selvagens

O navio acabaria por ser rebocado em alto-mar, estando atracado no porto do Caniçal. “Tudo isto reforça que aqueles homens estiveram absolutamente correctos”, diz dirigente da Associação de Sargentos.

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Henrique Gouveia e Melo foi discursar à guarnição do Navio NRP Mondego HOMEM DE GOUVEIA

O navio NRP Mondego, que recentemente foi palco de uma polémica nacional devido à insubordinação de 13 membros da sua guarnição, falhou esta madrugada uma missão que tinha como objectivo fazer a "rendição de uma equipa de vigilantes da natureza" nas Ilhas Selvagens, arquipélago da Madeira. A Marinha refere que se deveu a "motivos de ordem técnica" e diz que navio será inspeccionado esta terça-feira. Dirigente da Associação Nacional de Sargentos afirma que "tudo isto reforça que aqueles homens estiveram absolutamente correctos".

Já em alto-mar, o navio acabaria por ser rebocado, estando agora atracado no porto do Caniçal, onde chegou pelas 05h30, segundo o Diário de Notícias da Madeira. A missão acabaria por ser abortada. Momentos antes da partida, a RTP testemunhou "intenso fumo" a sair das chaminés do navio, provavelmente associado a uma avaria.

Ao fim da tarde de segunda-feira, e devido a um "contratempo", o NRP (Navio da República Portuguesa) não pôde sair para as Ilhas Selvagens com o objectivo de levar a cabo esta missão. A Marinha, então, negou à RTP qualquer avaria nas máquinas do navio, confirmando todavia que houve "um contratempo que fez com que o navio não saísse na hora planeada". Acabou por sair às 22h20, falhando, porém, a missão. Esta era a primeira do NRP Mondego desde que os 13 marujos se insubordinaram e, consequentemente, uma missão de acompanhamento de um navio russo ao largo do Porto Santo falhou.

Fizeram-no há cerca de duas semanas, o que resultou em processos disciplinares em curso dentro da Marinha. O Ministério Público havia-lhes marcado uma audição, que entretanto fora cancelada porque a procuradora entendeu reunir mais detalhes sobre o tema. À época da insubordinação, a Marinha por várias vezes reiterou as condições de navegação do NRP Mondego.

"As evidências são o que são"​

Ao PÚBLICO, António Lima Coelho, dirigente na Associação Nacional de Sargentos, observa que "tudo isto reforça a noção de que aqueles homens estiveram absolutamente correctos". "Os factos falam por si e as evidências são o que são", acrescenta.

"Fica claro quem tinha razão na disputa. Se eu tinha confiança na atitude dos meus camaradas, hoje, se alguém tivesse dúvidas, essa confiança só pode ser reforçada", disse ainda.

Questionado sobre como deverá agora agir o almirante Henrique Gouveia e Melo, Chefe da Armada, Lima Coelho rejeita comentar, notando apenas que espera que este se manifeste de forma "tão célere" como fez até agora.

"Motivos de ordem técnica"​

Em reacção, o Comando da Marinha da Zona Marítima da Madeira esclareceu que o navio regressou, ao "início da manhã de hoje", ao porto do Caniçal "por motivos de ordem técnica".

A nota revela ainda que o NRP Mondego será, "ainda hoje [terça-feira]", alvo de "uma inspecção técnica por parte de peritos da direcção de navios, que se deslocarão à ilha da Madeira". Já a rendição dos elementos destacados nas Ilhas Selvagens — "agentes da Polícia Marítima e elementos do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza" — será assegurada pelo navio Setúbal.


Título da notícia actualizado às 13h30 com correcção do nome das Ilhas para onde se dirigia o Mondego: Selvagens e não Desertas, como referia.

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