Líder do PSD diz que cabaz essencial com IVA zero é “altamente insuficiente”

Luís Montenegro falou em Paris, durante o seu périplo pela Europa.

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Luís Montenegro está em visita na região de Paris LUSA/ESTELA SILVA

O líder do PSD, Luís Montenegro, considera que a decisão do ministro das Finanças de instituir uma taxa de IVA de 0% nos produtos alimentares considerados essenciais é insuficiente e que terá pouco impacto nas contas dos portugueses.

“Não desprezando esta medida, ela é altamente insuficiente. Perturba-me um pouco que se esteja a criar uma expectativa junto das pessoas que elas vão ver a sua condição muito melhorada, não vão. Eu lamento ter de dizer isto”, declarou o líder do PSD aos jornalistas, esta segunda-feira, durante a sua visita à região parisiense.

Luís Montenegro está a levar a cabo um périplo pela Europa, estando desde domingo na região de Paris onde tem visitado a comunidade portuguesa, as instituições portuguesas em França e as estruturas do PSD no país, após já ter estado na Bélgica, no Luxemburgo e na Alemanha.

O líder dos social-democratas indicou que vai ao supermercado “todas as semanas” e que há apenas um conjunto “muito limitado” de produtos cujo IVA vai passar a 0% entre Abril e Outubro, logo a diferença será de “um euro ou um euro e pouco” nas compras dos portugueses.

A grande mudança que Luís Montenegro quer ver operada em Portugal é a redução dos impostos para as famílias e as empresas.

“As pessoas para ganharem poder de compra, das duas uma, ou os preços baixam, o que não é expectável, ou o seu rendimento tem de subir e o rendimento só sobe pela valorização dos salários e pela diminuição da carga fiscal. Neste momento está demonstrado que o Estado cobra impostos a mais”, indicou Luís Montenegro.

Bom acolhimento de imigrantes

Luís Montenegro, admitiu, por outro lado, ter “o grande sonho” de ver regressar os portugueses que estão fora do país, mas sublinhou que também é preciso receber os imigrantes de forma digna.

“O meu grande sonho é que esta gente [comunidade portuguesa] regresse ao nosso país, [incluindo os] jovens qualificados” que saíram, nos últimos anos, de Portugal, afirmou.

“Mas eu sei que isso não é suficiente. Portugal vai ser um país de acolhimento [de imigrantes] nas próximas décadas e temos de dar uma parte de nós para termos, em Portugal, novos portugueses, [que sejam acolhidos] como eles aqui foram acolhidos como novos franceses”, acrescentou.

O líder do PSD visitou de manhã o Monumento à Imigração Portuguesa, em Champigny-sur-Marne, perto de Paris, onde se situava um dos maiores bairros de lata de França e que acolheu muitos portugueses.

Segundo Montenegro, Portugal deve esforçar-se por acolher os imigrantes que chegam ao país para que estes não passem as mesmas dificuldades que muitos portugueses passaram quando chegaram a França nos anos 1960 e 1970, quando muitos tiveram, por exemplo, de viver em bairros de lata.

“Devo dizer que me causa uma dupla sensação [estar em Champigny-sur-Marne]. Em primeiro [lugar], de grande respeito, de enorme sensibilidade pelas dificuldades que esta gente passou e, ao mesmo tempo, de enorme inspiração”, referiu.

“Eu olho para isto e penso no desígnio que temos pela frente, de acolher imigrantes em Portugal, e nas condições que temos de lhes propiciar para que não passem por aquilo que a nossa diáspora passou há 50 anos”, afirmou o líder do PSD.

É do bom acolhimento dos imigrantes que virá o desenvolvimento de Portugal, a mão-de-obra que o país necessita e a retenção de “pessoas de qualidade”, tal como aconteceu com os portugueses em França, defendeu o social-democrata.

Luís Montenegro vai ser recebido hoje à tarde em Dourdain por um autarca de origem portuguesa, reunindo-se depois com vários autarcas luso-descendentes em França.

Na terça-feira, Luís Montenegro seguirá viagem para a Suíça.

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