Maioria não quer reeleição de Trump e apoia investigações criminais

Sondagem reforça possível dilema do ex-Presidente dos EUA em 2024: tem apoio suficiente para ser nomeado candidato do Partido Republicano e um caminho difícil na eleição geral.

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A campanha eleitoral de Trump arrancou no sábado em Waco, no estado do Texas EPA/ADAM DAVIS

Uma grande maioria dos eleitores do Partido Republicano quer ver Donald Trump de regresso à Casa Branca, mas a aversão ao ex-Presidente dos EUA no conjunto do eleitorado é tão elevada – incluindo entre os independentes – que se torna difícil antever um caminho para a sua vitória em 2024, principalmente se a afluência às urnas estiver em linha com os valores dos últimos anos.

Numa nova sondagem do instituto Marista para o grupo de media NPR, 61% dos eleitores norte-americanos entre os 1300 inquiridos dizem que não querem Trump de volta à Casa Branca.

Sem surpresa, a esmagadora maioria dos 38% que querem a vitória de Trump em 2024 são eleitores do Partido Republicano (76%); mas a elevada percentagem dos eleitores do Partido Democrata e dos independentes que se opõem à ideia (89% e 64%, respectivamente) representa um obstáculo difícil de ultrapassar para o favorito à nomeação no Partido Republicano.

Num resultado igualmente preocupante para Trump, 51% dos inquiridos dizem ter uma opinião negativa do ex-Presidente dos EUA, incluindo 83% dos eleitores do Partido Democrata e 51% dos independentes. No lado republicano, 81% dizem ter uma opinião favorável de Trump.

Da mesma forma, uma maioria de 56% dos inquiridos considera que as investigações criminais em curso contra o ex-Presidente dos EUA são justas, incluindo 87% dos eleitores do Partido Democrata e 51% dos independentes. Apesar de 80% dos eleitores republicanos concordarem com a acusação de Trump de que as investigações fazem parte de uma "caça às bruxas", a sondagem indica que a maioria do eleitorado não vê validade nas queixas de perseguição política.

No sábado, Trump fez o seu primeiro comício de campanha para a eleição de 2024 na cidade de Waco, no Texas, um local que diz muito ao movimento das milícias anti-governo e aos defensores do direito à posse de armas sem restrições.

Foi lá, há 30 anos, que uma operação falhada de várias agências governamentais, liderada pela polícia federal (FBI) e pelo departamento de armas e explosivos (ATF), terminou com a morte de 82 membros da seita Ramo Davidiano e de quatro agentes da ATF. A vingança do cerco em Waco foi uma das razões invocadas pelo norte-americano Timothy McVeigh para cometer um atentado contra um edifício governamental em Oklahoma City, em Abril de 1995, que fez 168 mortos, incluindo 19 crianças, e 680 feridos.

No comício de sábado, Trump voltou a acusar o Departamento de Justiça de o perseguir sem nenhuma justificação legal, e renovou a sua ameaça de que uma eventual acusação criminal contra si "tem um potencial de morte e destruição".

Além de ser alvo de uma série de processos civis e criminais relacionados com a sua vida pessoal e empresarial, Trump está a ser investigado pelo seu papel como Presidente dos EUA em quatro casos distintos.

Num deles, liderado pelo procurador distrital de Manhattan, é suspeito de ter falsificado as contas da sua empresa para esconder um pagamento, durante a campanha eleitoral de 2016, à antiga actriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, que ameaçava acusar Trump de ter mantido com ela uma relação extraconjugal em 2006.

No estado da Georgia, o ex-Presidente dos EUA está a ser investigado pela procuradora de Fulton por suspeitas de ter pressionado vários responsáveis eleitorais do Partido Republicano a reverterem o resultado que deu a vitória a Joe Biden na eleição de 2020.

E o Departamento de Justiça, pela mão do procurador especial Jack Smith, está a investigar Trump pelo seu papel na invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021, e pela retenção de centenas de documentos confidenciais da Casa Branca na mansão de Mar-a-Lago, na Florida.

As sondagens sobre as eleições primárias (que vão decorrer entre Fevereiro e Junho de 2024) indicam que Trump tem ainda do seu lado cerca de 50% do eleitorado do Partido Republicano, com os outros 50% divididos entre o apoio ao governador da Florida, Ron DeSantis (que ainda não formalizou a sua candidatura), e a uma série de candidatos que não chegam aos dois dígitos, incluindo a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas Nikki Haley e o ex-vice-presidente dos EUA Mike Pence.

Sendo menor do que chegou a ser em outros tempos, o apoio dos republicanos a Trump pode ser suficiente para lhe garantir a nomeação como candidato do partido à eleição presidencial, mas a significativa oposição à sua reeleição na generalidade do eleitorado principalmente os 64% entre os independentes lança dúvidas sobre a sua capacidade para triunfar em 2024.

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