Braga quer criar o “primeiro grande festival de teatro e ópera” do país

A Companhia de Teatro de Braga quer aproveitar as ruínas do Teatro Romano para conceber um festival de teatro e ópera clássicos a partir de 2025.

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Conferência de imprensa para apresentação do MIT ( Rui Madeira, director da Companhia de Teatro de Braga, ao centro) cortesia Companhia de Teatro de Braga

Como “em Avignon ou Mérida”, Braga quer ser o palco de um “grande festival” de teatro em Portugal, anunciou esta segunda-feira Rui Madeira, director da Companhia de Teatro de Braga (CTB), no âmbito da apresentação da segunda edição da Mostra Internacional de Teatro (MIT), que decorre entre 1 e 6 de Maio em Braga, Barcelos e Maia.

O responsável pela companhia residente do Theatro Circo sublinhou que a intenção será ocupar as ruínas do Teatro Romano, na Cividade, e, partir daí, conceber “um Grande Festival Internacional de Teatro e Ópera Clássicos, o MITO”, através da reunião de companhias de 25 países da Associação de Teatro da Eurásia, que junta representantes europeus e asiáticos e da qual Rui Madeira é membro do conselho executivo.

Com início projectado em 2025, ano em que a CTB celebrará 45 anos de existência e Braga será Capital Portuguesa da Cultura, o festival “assentará em cinco co-produções de teatro” dos 25 países, ocupando “a acústica genial” das ruínas do Teatro Romano, cujo projecto de remodelação ainda está por fazer. “Em Mérida ou Avignon, os festivais de teatro tornaram-se se algo muito importante do ponto de vista económico. Aqui em Braga temos estas condições fantásticas”, argumentou Rui Madeira.

Antes do MITO, há o MIT

A CTB anunciou ainda esta segunda-feira, no Dia Mundial do Teatro, o programa da segunda edição da Mostra Internacional de Teatro (MIT). No ano passado, a primeira experiência decorreu em Julho nas cidades de Braga, no Theatro Circo, e Barcelos, no Teatro Gil Vicente, e incluiu a apresentação de seis espectáculos de companhias de cinco países. Este ano, a mostra, que se propõe “renovar, interpretar, co-criar e produzir novas interpretações contemporâneas das obras da cultura clássica”, realiza-se entre os dias 1 e 6 de Maio, integrando 15 apresentações de oito peças de sete países diferentes. A Quinta da Caverneira, na Maia, junta-se aos locais de apresentação.

Women’s Shelter, da companhia The Baken Kydykeeva Theatre of Young Spectators, do Quirguistão, 1964, da Antilogos Theatre, do Chipre, Casa Rosmer, uma co-produção da CTB e da companhia italiana Akròama e que parte de um texto de Henrik Ibsen, Red Apple, da Kazakh State Academic Musical Drama Theatre, do Cazaquistão, Porta do Céu, uma co-produção da CTB e da Alexander Tsutsunava Ozurgeti State Professional Drama Theatre, da Geórgia, Northern Lights, da CTB e com encenação do ucraniano Volodymyr Snegurchenko, Os Pássaros e A Mesa, um Lugar Onde, da CTB e ambos com encenação de Rui Madeira, serão os espectáculos em cena. Exceptuando os espectáculos portugueses e italiano, todas as peças serão legendadas em português.

Do rol de peças, Rui Madeira destaca 1964, “um espectáculo de cariz documental, que retrata um momento histórico importante que levou à divisão do Chipre”, e Women’s Shelter, uma peça “sobre a vida e a luta das jovens mulheres do Quirguistão”.

A peça A mesa, um Lugar Onde, da CTB, é a única em estreia absoluta e partirá “da memória e da identidade” dos dois actores que compõem o elenco, Rogério Boane, natural de Moçambique, e Valentina Picciau, natural de Sardenha, Itália. O actor da CTB referiu que o espectáculo está a ser concebido através de “conversas e improvisações”. “É um espectáculo sobre o conhecimento do Outro, da sua cultura”, acrescentou Valentina Picciau na conferência de imprensa. A peça estreará no 1 de Maio no Theatro Circo, recebendo nova apresentação no dia 5.

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