Ambientalistas defendem salvaguarda dos recursos hídricos

Vice-presidente do partido europeu Volt participou em marcha entre o Parque Eduardo VII e o Tejo.

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Alertar para a salvaguarda dos recursos hídricos é o objectivo deste protesto LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Algumas dezenas de pessoas reuniram-se este sábado no Parque Eduardo VII, em Lisboa, para uma marcha pela água, mostrando-se contra a "negligência governamental" na protecção dos ecossistemas e na salvaguarda dos recursos hídricos.

Com tarjas colocadas no chão, os participantes da acção de protesto do Movimento Pelas Águas e Serras, que culmina com um desfile até ao rio Tejo, proferiam palavras de ordem como "Sem rio não há pão" ou "Guardar rios, guardar vidas".

A marcha acontece depois de, na quarta-feira, ambientalistas terem apelado à protecção dos recursos hídricos entre Assembleia da República e a Praça do Comércio, no âmbito do Dia Mundial da Água. A coordenadora do movimento, Mariana Alves, diz que tem observado uma crise hídrica em Portugal nos últimos anos, apontando descida das águas das barragens no último ano devido à seca.

"Para nós foi uma situação alarmante. Há um estado de emergência em relação à água e à subsistência alimentar que nós achamos que é importante salvaguardar. Existe uma negligência governamental que não está a trazer ao de cima, com a preocupação necessária, este tipo de problemáticas", observou. E deu como exemplo a prospecção mineira na região do Barroso, em Boticas e Montalegre, onde o Governo está a trabalhar "no contrário à sustentabilidade".

"Queremos especialmente chamar a atenção à cidadania activa e tentar pressionar o Governo a tomar acção sobre as gerações futuras e criar um sistema que realmente salvaguarde os nossos recursos básicos que são a água e a alimentação", prosseguiu a ambientalista, explicando também que, no caso da mineração, além de estar em causa um crime ambiental, se trata também de "um crime de direitos humanos", porque há pessoas que vivem a "500/700 metros de lugares onde querem fazer prospecção".

Também Patrícia Herdeiro entende que Portugal está a passar por uma crise dos recursos hídricos que "está a ser ignorada".

"É essencial que o Governo tome decisões para que a água esteja assegurada nos próximos anos. Neste momento, com uma crise mundial a acontecer em plena guerra, em que a segurança alimentar está em jogo, a água tem de ser protegida", realçou. De acordo com a activista, o Governo não tem investido na gestão das florestas.

"As nossas florestas são [constituídas] por eucaliptos que primeiro secam os solos e depois ajudam na propagação dos incêndios. Em vez de se estar a investir nas florestas está-se a investir com dinheiro da União Europeia para fazer mineração para destruir estas florestas e para poluir as nossas águas e usar a pouca água que nós temos neste tipo de mineração".

Na concentração esteve ainda presente o vice-presidente do partido europeu Volt, Duarte Costa, que disse que "a água é um dos elementos mais importantes no ecossistema para que haja vida".

"Nós apoiamos estas iniciativas de cidadãos para que haja políticas responsáveis na defesa da água. Em Portugal, vemos que ainda há muito trabalho a fazer para conservar a água. Portugal tem tido uma política de aumentar a disponibilidade da água e não de mudar a forma insustentável como ela é usada", criticou o dirigente político.

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