O que se pode inferir acerca do ditador Estaline a partir do que ele leu?

A pergunta é para Geoffrey Roberts, especialista em diplomacia soviética e russa, comentador, professor de História Moderna na Universidade de Cork, na Irlanda, autor de A Biblioteca de Estaline.

A tese do livro é que Estaline foi um leitor fervoroso que alimentou a ideia da primeira sociedade comunista no mundo a partir das leituras que fazia: a construção do leitor gerou o pensador que perseguiu um ideal.

"Estou convencido de que há apenas um Estaline e é o Estaline intelectual, o Estaline ideológico, o idealista Estaline, o Estaline utópico, o Estaline comprometido com o seu projecto comunista. Esse é um Estaline e é esse Estaline que explica tudo", diz o académico irlandês numa conversa a partir da sua casa numa aldeia dos arredores de Cork, onde define este livro como "um retrato intelectual de Estaline", o "tirano sanguinário", o "político-máquina", a personalidade paranóica", "o burocrata sem piedade", o "fanático ideológico", nomenclatura que Roberts usa no primeiro capítulo para dar a dimensão daquilo que parece constituir uma contradição, mas que, estudada a relação do homem com os livros, tende a ganhar sentido.

A conversa, conduzida por Isabel Lucas, está aqui...

 

Isabel Coutinho entrevista o vencedor do Prémio José Saramago 2022, o brasileiro Rafael Gallo. Depois de abandonar a sua carreira na área da música e por isso se sentir quase amputado, teve a ideia para a personagem de Dor Fantasmaque acaba de chegar às livrarias.

Mário Santos propõe para esta semana algo que não é coisa pouca: a revelação, em bom português, de um escritor. ​A leitura de Como Fazer Amor com um Negro sem se Cansar, romance de estreia de 1985, e de O Grito dos Pássaros Loucos, publicado quinze anos depois, revela-nos, de uma assentada, Dany Laferière.

 

 

Reparámos nele em Inglourious Basterds. Raramente se tem a sorte de "começar" assim, com uma personagem escrita por Quentin Tarantino, o Perrier LaPadite​. Com Custódia Partilhada a tensão e o medo tornaram-se paradigmáticos. Agora chega As Bestas, ​que lhe valeu o Goya da indústria espanhola em Fevereiro. Foi outro momento singular, bizarro, do percurso atípico deste actor nascido em Enghien-les-Bains e com infância e adolescência espalhadas pela Noruega, pelo Texas, nos EUA, pela Argentina, pelo Uruguai e por Inglaterra: Denis Ménochet, que começou com Tarantino agora foi distinguido com o "Óscar espanhol".

O filme de Rodrigo Sorogoyen, que foi o grande vencedor da cerimónia dos prémios da indústria espanhola ao triunfar em nove categorias entre as quais as de melhor filme e de melhor realizador, espraia-se inicialmente como se fosse um western com as promessas de duelos a intensificarem-se num saloon. Há mesmo uma sequência assim, como num filme de cowboys. Mas também é um thriller. E parecendo que assim continuará até ao fim, fará irromper de dentro dele, mais ou menos a meio, a sua autocrítica, propondo uma alternativa ao (seu) mundo: um drama feminino.

Entrevistas com Denis Ménochet e Rodrigo Sorogoyen aqui...

 

Cai o pano sobre uma das melhores séries dos últimos anos. A espada de Dâmocles pende sobre a cabeça dos Roy. Brian Cox, Kieran Culkin e J. Smith Cameron começam a sua longa despedida: Succession, que assim brinca com a morte até ao último suspiro. Joana Amaral Cardoso falou com o cast.