Construção da nova “capital verde” na Indonésia ameaça orangotangos e golfinhos

Apesar da promessa de reflorestar partes da cidade, os ambientalistas temem que a construção da nova capital de 32 mil milhões de dolares em Nusantata perturbe a fauna e a flora da região.

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Orangotango macho chamado 'Boni' no Centro Santuário de Orangotango de Arsari Reuters/WILLY KURNIAWAN
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Uma Orangotango fêmea chamada "Kikan" come uma beringela durante o tempo de alimentação Reuters/WILLY KURNIAWAN
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Um técnico dá mel a um Orangotango macho chamado "Beni" Reuters/WILLY KURNIAWAN
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As jaulas para orangotangos no Centro Santuário Arsari Orangutag perto da nova capital projectada da Indonésia Reuters/WILLY KURNIAWAN

Mesmo à saída da nova capital da Indonésia, na ilha de Bornéu, um orangotango apanhou com a mão uma banana atirada por um conservacionista num barco, com a outra mão, agarrava-se a um ramo de uma árvore.

É uma dos 127 orangotangos que a Fundação Borneo Orangutan Survival Foundation (BOSF) cuida no distrito de Samboja, Kalimantan Oriental. Estes animais perderam as suas casas por causa da desflorestação, muitas vezes ligada à extracção de carvão, e às plantações de óleo de palma e madeira.

Mas a ameaça que os primatas gigantes enfrentam pode ser ainda superior à medida que o maior país do sudeste asiático constrói Nusantata de raiz, a nova capital de 32 mil milhões de dólares.

O governo prometeu proteger a vida selvagem e empreender grandes reflorestações em partes da capital, que tem sido comercializada aos investidores como uma cidade inteligente e verde.

No entanto, os ambientalistas desconfiam que a construção, numa área de quase 260.000 hectares – quase quatro vezes o tamanho de Singapura – perturbaria alguma da fauna endémica do Bornéu, incluindo macacos de nariz comprido, golfinhos de Irrawaddy e orangotangos em perigo de extinção.

“A nossa maior preocupação é a baía de Balikpapan tornar-se num tanque gigante, um local para resíduos das actividades de Nusantara”, disse Mappaselle, um director com o grupo ambiental local Pokja Pesisir.

A "alma da cidade"

Cerca de 400 hectares de florestas de mangais ao longo da costa da baía de Balikpapan já foram dizimadas, segundo as estatísticas do grupo, para dar lugar a um porto de carvão e a uma refinaria de petróleo.

Os ambientalistas temem que possa haver ainda mais destruição quando uma nova estrada sujeita a portagem, ligando Nusantara à cidade mais próxima de Balikpapan, for construída, bem como um porto para trazer materiais de construção.

A Autoridade da Capital de Nusantara disse que os mangais seriam replantados noutras áreas e que foram estabelecidas directrizes para os trabalhadores que encontrassem um animal.

“É uma grande preocupação saber como vamos conseguir a harmonia entre as pessoas, a natureza e a cultura... porque essa é a alma da cidade”, disse o chefe de Nusantara, Bambang Susantono.

Estão a ser lançadas as fundações para edifícios governamentais. Ainda este ano, serão construídas casas para 16 mil funcionários públicos, militares e polícias que se deverão mudar no próximo ano.

Por agora, os conservacionistas esperam que o governo se mantenha fiel à promessa de cuidar e proteger os animais.

“Esperamos que, estando aqui a cidade capital, possamos garantir o caminho para que os animais vivam lado a lado (com os humanos)”, disse Aldrianto Priadjati, gerente da BOSF. “Pelo menos proporcionar uma área para os orangotangos para que possam viver uma vida melhor.”

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