Alunos de Lisboa estão a reduzir (muito devagar) uso do carro para irem para a escola

Utilização da bicicleta continua a ser bastante incipiente nas deslocações para o estabelecimento de ensino. Apenas 1,6% dos alunos a usam. Autocarro foi modo que mais subiu.

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O automóvel continua a ser o meio principal para se chegar à escola Rui Gaudencio

Ainda é uma mudança muito ligeira, mas nela já dá para perscrutar uma certa tendência. Os alunos dos diversos graus de ensino da cidade de Lisboa, até ao 12º ano, estão a reduzir a opção pelo uso do automóvel particular nas suas deslocações para as escolas e delas para casa. Mas o carro continua a ser, de longe, a sua principal opção. Essa é uma das principais conclusões do estudo Mãos ao Ar Lisboa! 2022, cujos resultados foram apresentados esta tarde, e que também dá conta de um aumento na escolha do autocarro como o meio de transporte privilegiado nesse tipo de percursos e de uma ligeira redução na opção pelas deslocações a pé.

O estudo, realizado anualmente pela Câmara Municipal de Lisboa desde 2018, propõe-se a avaliar a forma como decorrem as deslocações casa-escola, para conhecer os meios de transporte usados diariamente pelos alunos do 1.º ao 12.º ano, dos estabelecimentos de ensino da cidade, sejam eles públicos ou privados. Entre 2019 e 2022, houve um total de 224 escolas que participaram neste inquérito. Destas, 110 escolas envolveram-se em todas as edições desde 2019 e seis participaram pela primeira vez no inquérito de 2022.

Olhando para os dados saídos desse levantamento e comparando-os com anos anteriores do estudo – em que se excluiu o ano inicial, 2018, por representar uma amostra muito reduzida , um dos dados mais relevantes prende-se com o que parece ser a ligeira tendência para preterir o automóvel como forma de realizar os percursos quotidianos. No ano passado, foram 45,3% os que o fizeram dessa maneira, quando em 2021 eram 48,2%. Em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, esse valor foi de 51,4% e em 2019 representou 48,6% das deslocações dos estudantes da cidade.

A alteração de comportamento dos alunos e, sobretudo, dos seus pais foi mais expressiva para os que frequentam os estabelecimentos de ensino privados. Se, em 2021, o automóvel representava o meio preferencial para 78,9% desses estudantes, no ano passado, essa forma de locomoção era a escolhida por 72,2%, o valor mais baixo desde que se começou a fazer o estudo Mãos ao Ar Lisboa! Já para os alunos que frequentam o ensino público, a mudança foi bem menos expressiva. Em 2022, foram 33,5% a fazê-lo, quando no ano anterior eram 34,5%. Uma descida, ainda assim.

Autocarros a subir

Em simultâneo com esta quebra na preferência pelo uso do automóvel, verificou-se uma subida de mais de três pontos percentuais na utilização do autocarro nas deslocações relacionadas com a vida escolar. Se em 2021 eram 14,1% os que o faziam através desse meio de transporte, no ano passado, eram 17,2%. Uma mudança que se fez notar nos dois tipos de estabelecimentos de ensino, públicos e privados. Se, nos primeiros, foram 22,5% a fazê-lo em 2022, esse valor era de apenas 19,6% no ano anterior. De igual modo, nas escolas privadas notou-se uma clara subida do uso do autocarro, que passou de apenas 1,9% em 2021 para 5,1% no ano passado.

Outra das conclusões do estudo, respondido nesta edição por 38.996 alunos – na primeira edição, em 2019, responderam 47.141 estudantes , é a de que a utilização da bicicleta continua a denotar uma tendência muito lenta de crescimento, revelando-se quase inexpressiva. Em 2022, foram apenas 1,66% os alunos que escolheram pedalar até à sua escola, quando em 2021 haviam sido 1,5%. Em 2019, eram 1%.

Na verdade, se estes dados relativos ao uso da bicicleta nas deslocações forem analisados sectorialmente, percebe-se que entre os alunos do ensino privado até se tem observado uma redução do seu uso. Eram 1,9% em 2020, 1,7% em 2021 e apenas 1,66% no ano passado. Já no ensino público registou-se a tendência inversa, embora muito modesta: de 1,2% em 2020, passou-se para os mesmos 1,66%.

O modo “a pé”, que continua a ser o segundo preferido, sofreu uma ligeira diminuição, representando agora 24,5% das deslocações totais. Para isso contribuiu o facto de menos estudantes das escolas públicas terem optado pela utilização deste modo. De 23,4% a fazê-lo desta forma em 2021, passou-se para 19,1%. Entre os alunos do privado, notou-se, porém, uma subida: de 11,7% passou-se para 13,5% dos que andam a pé.

O inquérito Mãos ao Ar Lisboa! baseia-se no preenchimento de um questionário simples e breve pelos professores, com resposta de “braço no ar” pelos alunos, a realizar em cada turma. O levantamento de 2022 decorreu, inicialmente, entre os dias 10 e 14 de Outubro, tendo o prazo sido estendido até ao final do mês.

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