Centeno: “Devemos manter todos os supervisores atentos”

Governador do Banco de Portugal defende que os bancos portugueses estão mais capitalizados do que no passado, mas avisa que, do lado da supervisão, não se pode descansar.

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Ricardo Lopes

Mário Centeno defendeu esta quinta-feira que o sector bancário português está mais bem preparado do que no passado para encarar um cenário de crise no sistema financeiro cujo contágio, acredita, está, nesta fase, contido. No entanto, alertou que é preciso “manter todos os supervisores atentos”, para evitar que surjam problemas.

Em resposta a perguntas feitas por estudantes de escolas secundárias durante a cerimónia de entrega de prémios do Concurso Geração Euro, organizado pelo Banco de Portugal, o governador tentou passar uma mensagem de tranquilidade para quem teme que os problemas registados na semana passada em bancos regionais norte-americanos e no Credit Suisse se possam vir a alastrar para a zona euro e, especificamente, para Portugal.

Centeno assinalou que “na Suíça, a resposta foi mais musculada”, o que o leva a acreditar que “nesta fase os efeitos de contágio tenham sido contidos”. E mostrou-se confiante em que os problemas registados nos EUA não irão acontecer na mesma medida na zona euro. “O banco norte-americano que faliu não aplicava as regras de supervisão que os bancos europeus aplicam”, lembrou.

De igual modo, o líder da autoridade monetária nacional garantiu que, em Portugal, “os bancos estão mais capitalizados do que no passado e o nível de risco é menor”, destacando que “o sistema financeiro português tem uma característica que é realmente única, que é a sua proximidade com os clientes”. “Não houve levantamento de depósitos”, afirmou.

Ainda assim, depois de todos estes sinais de optimismo, veio a prudência. “Isto não quer dizer que não devamos fazer a nossa parte, que é manter todos os supervisores atentos, para evitar que surjam problemas. Temos estado a fazer para que as coisas corram bem, mas não podemos descansar”, disse.

Uma semana depois de o BCE ter subido as suas taxas de juro em mais 0,5 pontos percentuais e na véspera de o Governo anunciar novas medidas de resposta à inflação, o governador do Banco de Portugal também se referiu ao papel que a política orçamental deve desempenhar na actual conjuntura de subida de preços.

“Há um lugar para a política orçamental”, disse e, em linha com aquilo que tem sido várias vezes repetido pelos responsáveis do BCE, afirmou que as medidas de mitigação da inflação por parte dos governos devem ser “temporárias, direccionadas e ajustadas”. “O Governo pode acorrer a ajudar aqueles que estão mais vulneráveis, apoiando temporariamente, mas não podemos pôr em causa a sustentabilidade das contas públicas”, alertou.

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