Preços das casas sofrem o maior aumento de sempre em 2022

Em 2022, venderam-se perto de 168 mil casas em Portugal, por um montante total superior a 30 mil milhões de euros, naquela que foi a primeira vez que essa fasquia foi ultrapassada.

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Mercado imobiliário continua a bater recordes Nuno Ferreira Santos

Num ano de recordes sucessivos para o sector imobiliário, tanto no número de transacções concluídas quanto nos valores praticados, os preços das casas vendidas em Portugal aumentaram ao ritmo mais acelerado de que há registo. Em 2022, os preços da habitação aumentaram quase 13% num ano em que foram vendidas perto de 168 mil casas, por um valor total superior a 30 mil milhões de euros.

Os dados foram publicados, nesta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, em 2022, o índice de preços da habitação aumentou 12,6%. Este valor representa uma subida de 3,2 pontos percentuais em relação à variação que tinha sido observada no ano anterior e corresponde, também, ao maior aumento desde que o INE deu início a esta série estatística, que remonta a 2009. Este crescimento, indica o INE, fica a dever-se tanto às habitações já existentes como às novas, que registaram aumentos de preços de 13,9% e de 8,7%, respectivamente, no conjunto do ano passado.

Estes números são registados num ano em que voltaram a ser batidos recordes de vendas e de valores transaccionados. Ao todo, mostram os dados do INE, foram transaccionadas 167.900 casas em Portugal durante o ano de 2022, o número mais elevado de que há registo e uma subida de 1,3% em relação ao ano anterior. O montante total transaccionado ascendeu a mais de 31.783 milhões de euros, também um novo recorde e um crescimento superior a 13% em relação a 2021. Esta foi, também, a primeira vez que o mercado habitacional em Portugal superou a fasquia dos 30 mil milhões de euros transaccionados.

Tendo em conta o número de operações concretizadas e o montante total transaccionado, o preço médio de cada casa vendida em Portugal fixou-se, assim, em cerca de 189 mil euros em 2022, mais 12% do que o preço médio de 170 mil euros que se registava um ano antes.

Apesar desta evolução no conjunto do ano, o crescimento dos preços fica a dever-se, sobretudo, ao desempenho do mercado na primeira metade do ano, já que, a partir do segundo semestre, verifica-se um abrandamento da subida de preços e mesmo uma queda no número de operações e montante total transaccionado. Considerando apenas o quarto trimestre do ano passado, os preços das casas aumentaram 11,3%, abaixo da taxa de variação registada em igual trimestre do ano anterior.

Ao mesmo tempo, no quarto trimestre de 2022, venderam-se 38.526 casas, por um montante total de 7362 milhões de euros, números que representam quedas de 16% e 10%, respectivamente, em relação ao quarto trimestre de 2021.

Este abrandamento, recorde-se, já vem sendo antecipado pelos operadores do sector, que justificam esse comportamento com a subida das taxas de juro e quebra dos rendimentos disponíveis das famílias, que têm dificultado, ainda mais, o acesso à habitação.

Vendas aceleram nos Açores e Madeira

A análise por regiões também dá conta de um aumento generalizado dos preços, ainda que com tendências diferentes. Enquanto nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira o mercado está a crescer a ritmo acelerado, com aumentos expressivos tanto no número de vendas quanto no montante transaccionado, no Norte e na Área Metropolitana de Lisboa, que respondem por mais de metade do mercado nacional, o número de transacções está a cair, embora a subida dos preços seja suficiente para fazer com que o montante transaccionado continue a aumentar.

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Aumentar

Ao todo, em 2022, venderam-se 50.218 casas na Área Metropolitana de Lisboa, por um volume total superior a 13.265 milhões de euros, números que correspondem a uma queda de 1,5% e a um aumento de 10,9%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Já na região Norte, venderam-se 47.303 habitações em 2022, menos 0,83% do que no ano anterior, por um valor total de 7377 milhões de euros, uma subida anual de 9,6%.

A Área Metropolitana de Lisboa e o Norte respondem, assim, por mais de 58% do número total de vendas de casas em Portugal no ano passado e por quase 65% do montante transaccionado em 2022 a nível nacional.

Já o Algarve mantém-se como a região com as casas mais caras. Em 2022, venderam-se 15.123 casas no Algarve, por mais de 4287 milhões de euros, números que correspondem a aumentos anuais de 3,85% e de 18,9%, respectivamente. O preço médio das casas nesta região fixou-se, assim, em mais de 283 mil euros, o valor mais elevado registado em todo o país, acima da Área Metropolitana de Lisboa, onde o preço médio se fixou em 264 mil euros.

Mas foi nas regiões autónomas que o mercado mais cresceu. Na Madeira, o número de transacções aumentou 16% e totalizou 4142, enquanto o montante transaccionado ascendeu a mais de 841 milhões de euros, uma subida de 37,6% em relação a 2021. Já nos Açores, venderam-se 2946 casas no ano passado, mais 8% do que em 2021, por um montante total superior a 418 milhões de euros, mais 26% do que no ano anterior.

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