Harry arrisca deportação dos EUA depois de ter assumido consumo de drogas

Revelações no livro de memórias Na Sombra, publicado no início do ano, levaram um grupo de activistas a questionar se o príncipe mentiu para obter o visto ou se usufruiu de tratamento preferencial.

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O uso de estupefacientes é abordado em várias passagens do livro de memórias do príncipe Harry Phil Noble/Reuters/arquivo

A Heritage Foundation (HF), um gabinete conservador norte-americano com influência significativa nas políticas públicas americanas, confirmou ao PÚBLICO a existência de um pedido para que o visto do príncipe Harry seja divulgado, questionando se o britânico mentiu no formulário sobre o consumo de estupefacientes, que, entretanto, admitiu no seu livro de memórias.

O grupo de reflexão quer saber se o duque inglês admitiu o uso “múltiplo” de drogas, tendo submetido um pedido, ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação, junto do Departamento de Segurança Interna, da Alfândega / Protecção de Fronteiras dos EUA e dos Serviços de Imigração de Cidadania dos EUA.

A submissão do documento, com data de 8 de Março e que pode ser lido na íntegra num PDF em inglês, foi feita depois de o grupo ter recebido respostas negativas de Washington DC, com os funcionários a alegarem que tornar públicas as respostas no formulário seria invadir a privacidade do duque de Sussex.

No livro Na Sombra, que só na primeira semana vendeu 3,2 milhões de exemplares em todo o mundo, assim como em várias entrevistas televisivas, o filho mais novo de Carlos e Diana admitiu ter consumido cocaína, marijuana e cogumelos mágicos.

A lei de imigração dos EUA prevê duras penas para quem é apanhado a mentir na sua candidatura a um visto, que pode ir desde a recusa da cidadania até à deportação imediata.

“Este pedido é do interesse público à luz da potencial revogação do visto do príncipe Harry por uso ilícito de substâncias e outras questões relativas ao uso de drogas pelo príncipe e se [o formulário] foi devidamente examinado antes de entrar nos Estados Unidos”, lê-se num trecho do pedido da Heritage Foundation, assinado por Mike Howell, director do Projecto de Fiscalização da HF.

De acordo com a HF, um historial de consumo de drogas é habitualmente motivo para a recusa de um visto nos EUA, pondo em cima da mesa dois cenários, nenhum benéfico para o monarca: ou Harry mentiu, o que pode ser motivo para ser deportado; ou os funcionários fronteiriços sabiam de tudo e atribuíram ao príncipe um tratamento especial por ser um membro da família real britânica e a sua mulher ser uma conhecida actriz — o que também viola a lei norte-americana.

Da cocaína social à positiva ayahuasca

O uso de estupefacientes é abordado em várias passagens do livro de memórias do príncipe Harry, lançado em Janeiro. Sobre o consumo de cocaína, Harry refere ter tido a primeira experiência aos 17 anos, acrescentando que fez “mais algumas linhas” em situações que descreve como sociais.

O duque também recorda a vez em que, numa festa na casa da actriz Courteney Cox, tornada famosa com a série Friends, consumiu cogumelos mágicos — o que o fez conversar com um balde de lixo e uma sanita.

Já sobre a ayahuasca psicadélica, Harry garantiu ter-se tratado de uma experiência positiva. “Sob a influência dessas substâncias eu era capaz de me livrar de rígidas ideias preconcebidas, ver que havia outro mundo além dos meus sentidos fortemente filtrados, um mundo igualmente real e duplamente belo — um mundo sem névoas vermelhas, sem motivo para névoas vermelhas. Havia somente a verdade.” E, numa entrevista cedida ao terapeuta Gabor Maté, um defensor da despenalização de drogas, o duque assumiu que a marijuana “realmente” o ajudou.

Os duques de Sussex mudaram-se para a Califórnia em 2020, o que significa que o visto de Harry poderá expirar ao longo deste ano. E, na renovação, o consumo de drogas terá de ser levado em conta.

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