Claire Keegan: um abuso dói mais contado assim

Se Dickens vivesse hoje e fosse uma mulher irlandesa teria algo desta grande autora. Mas não é Dickens, é Keegan, Claire Keegan, a autora de Pequenas Coisas Como Estas.

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Um jogo entre bem e mal, amor e perversão, privilégio e miséria: nada é óbvio Ulf Andersen/Getty Images

Em 1993, a descoberta de 155 corpos de mulheres em campas clandestinas nos arredores de um convento tornava público o modo de funcionamento de uma das instituições mais sinistras da Irlanda. Financiadas pelo Estado e dirigidas por freiras católicas romanas, aquele que chegou a ser designado por Magdalen Asylum for Penitent Females destinava-se a abrigar mulheres caídas em desgraça, muitas delas adolescentes grávidas ou mães solteiras. A descoberta desses corpos materializava as suspeitas que recaíam sobre a instituição que, depois de fundada em Dublin em 1765, se expandira por todo o país até 1996, ano em que foram recebidas as últimas internas. Ao longo desses anos, mais de 30 mil mulheres viveram e trabalharam nessas lavandarias em circunstâncias ainda misteriosas. Um estudo recente divulgou que 796 bebés morreram só num desses lugares, a pequena cidade de Tuam, no Oeste da Irlanda. Começaram a vir ao de cima muitos dos abusos cometidos ao longo dos séculos mas só em 2013 o governo irlandês pediu publicamente desculpas.

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