Sporting quer que se saiba que vem da Champions

Atraso do voo e greve em Londres afectaram dia dos “leões”, que esperam um Arsenal mais rápido, mais forte e com maior responsabilidade no jogo.

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Rúben Amorim espera um Arsenal mais forte na Liga Europa EPA/ANTONIO COTRIM

Será esta quinta-feira (20h, SIC) em Londres, sem o contributo dos influentíssimos Coates e Morita (suspensos), mas com Adán na baliza, que o Sporting tentará, no terreno do Arsenal, líder incontestado da Premier League — depois de uma igualdade (2-2) em Alvalade —, qualificar-se para os quartos-de-final da Liga Europa.

Objectivo que impõe dois cenários: um triunfo frente a opositor que ainda não consentiu um único golo nas três partidas disputadas (e ganhas) em casa, na segunda prova mais relevante da UEFA; ou um empate para levar a decisão para os penáltis, já que os golos obtidos fora deixaram de influenciar o desempate.

Sem o seu grande pilar defensivo, Rúben Amorim, que volta a dispor do também uruguaio Ugarte, será ainda forçado a promover alguns ajustes, como a passagem de Pedro Gonçalves para o meio-campo, onde assumirá a batuta na véspera da primeira convocatória do seleccionador nacional, Roberto Martínez.

Quanto ao resto, nada de verdadeiramente disruptivo numa estratégia preparada para silenciar os canhões dos “arsenalistas”, subsistindo a dúvida sobre a utilização de Diomandé no "onze" titular, posição que pode ser desempenhada por Matheus Reis. Isto, não obstante a maior dose de favoritismo pertencer, em tese, aos ingleses, que, apesar da ausência de Nketiah e da necessidade de gerir a utilização do recuperado Gabriel Jesus no ataque, confiam numa abordagem q.b. para superarem mais este obstáculo rumo à final da Puskás Arena, em Budapeste.

As baixas do lado dos londrinos não parecem, ainda assim, suficientes para abalar a confiança de Mikel Arteta, treinador dos “gunners”, ao ponto de o “discípulo” de Pep Guardiola ter já admitido estar tentado a gerir de novo a equipa em função dos interesses domésticos.

Algo que fez em Lisboa com relativo sucesso, onde empatou... muito graças a um golo de Morita na própria baliza. Um ligeiro susto que leva o técnico espanhol a pedir à equipa algo mais para superar os “leões”, já que nova igualdade só elevaria o moral e a crença sportinguista.

E, mesmo sem o “capitão” Coates ou até sem o “cicerone” Bellerín (o espanhol com ADN “arsenalista” não viajou para Londres), ao Sporting interessa apenas a continuidade numa prova que possibilita ao vencedor um oportuno atalho para a próxima edição da Liga dos Campeões, algo que através do campeonato português está por confirmar como plano A, apesar do duelo entre Sp. Braga e FC Porto poder aproximar o Sporting do pódio.

Distracção europeia

Com cinco pontos de vantagem sobre o Manchester City e um fosso de 16 para o outro Manchester, terceiro classificado — e 11 rondas para o desfecho da Premier League —, o Arsenal pode cair na tentação de priorizar o campeonato, que não conquista há 19 anos, deixando a Europa em segundo plano.

Para o Sporting, essa seria uma brecha a explorar. No entanto, Mikel Arteta já disse que pretende recuperar as grandes noites europeias do Arsenal, especialmente depois da desilusão provocada pela meia-final perdida para o Villarreal de Unai Emery, em 2020/21.

Seja como for, esse é um factor que o Sporting não pode ignorar se quiser repetir a proeza de 2011/12, quando eliminou o Manchester City nos “oitavos”, ano em que alcançou as meias-finais. Em 2017/18, os “leões” chegaram aos “quartos”, onde foram afastados pelo Atlético de Madrid, vencedor dessa edição. Por isso, com a eliminatória a meio, tudo está em aberto.

Isto, sem descurar o plano financeiro, onde os “leões” podem garantir mais 1,8 milhões de euros pela presença nos “quartos”, a somar aos 36.835 milhões já averbados entre Champions (35.135 milhões) e Liga Europa (1,7 milhões).

Ideia confirmada por Rúben Amorim numa antevisão marcada pelo atraso de uma hora, justificada pelos voos e pela greve do metro de Londres, que transformou o trânsito da capital inglesa num caos.

“Os primeiros dez minutos serão importantes”, avisou, com uma mensagem: “Estamos aqui por direito próprio, viemos da Liga dos Campeões”, disse Amorim, à espera de um Arsenal com “outra velocidade”, totalmente identificado com o jogo leonino e “ainda mais forte”, sem diminuir a ambição lusa ou a maior responsabilidade dos ingleses.

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