A guerra, o mal de quase todos; a paz, o bem de todos: então, porquê?

A invasão injustificada e violadora do direito internacional da Ucrânia tornou-se uma guerra entre a Rússia e o chamado Ocidente. E não é uma guerra entre a liberdade e a democracia.

É difícil suportar psicologicamente o peso desta guerra que todos os dias nos violenta e que nos faz pensar nos horrores dos combatentes envolvidos. Pode meter-se a cabeça debaixo da areia como a avestruz, mas a verdade é que a cada segundo continua a destruição e o cortejo de mortes. Hoje é na Ucrânia e amanhã, onde será?

A invasão injustificada e violadora do direito internacional tornou-se, neste momento, uma guerra entre a Rússia e o chamado Ocidente. E não é uma guerra entre a liberdade e a ditadura. É um conflito por interesses geoestratégicos. Os oligarcas estão na Rússia, na Ucrânia e no Ocidente.

As guerras quase sempre acrescentam problemas ao problema que alegam ir resolver. Hoje a guerra, seja onde for, é ilegal face ao artigo 4.º da ONU, e daí a perplexidade pelo silêncio da ONU. Não só em relação à Ucrânia, mas também à Palestina e Iémen.

Também não se trata da primeira guerra após a Segunda Guerra Mundial, pois a Turquia invadiu o Norte do Chipre em 1974 e os EUA/NATO desencadearam uma guerra em 1999 contra a Jugoslávia à margem do direito internacional.

Talvez o velho São Cristóvão, nestas circunstâncias, não aguentasse o mundo no estado em que se encontra e soçobrasse ao contrário do que diz o milagre.

Só no sec. XX, na Europa, nas duas guerras mundiais morreram mais de cem milhões de humanos.

Muitos homens e mulheres sábios se interrogaram e se interrogam acerca do porquê desta loucura quando se sabe de ciência certa que o armamento nuclear existente, a ser utilizado, levaria ao provável fim da Humanidade.

A guerra traz no seu bojo um espantoso inventário de sofrimentos. Vivemos neste mundo em cima de montanhas de milhares de milhões de mortos causados pelas guerras ocorridas e de que há memória. Será que fomos feitos para fazer guerras? Mas como, se quase ninguém na Europa quer ser militar? Como, se russos e ucranianos fogem ao recrutamento? Então por que motivo aceitamos esta inevitabilidade como se tivéssemos de suportar esta incapacidade dos governantes para fazer a paz? Como podemos imaginar jovens e homens portugueses a ir combater no Leste europeu? Ou colocar o país na mira de armas nucleares, se a escalada entrar nesse patamar? A Europa da paz soçobrou perante o militarismo. Já se fala do trânsito de dirigentes da UE para a NATO.

O que nos faz comover com a morte de jovens que morrem em simples acidentes e nos mantém quase impassíveis quando dezenas e dezenas de milhares de homens na sua juventude enchem cemitérios improvisados?

Esta guerra na Ucrânia é uma ignomínia. Os beligerantes escondem que a vitória de quem quer que seja significará mais dezenas e dezenas de milhares de mortos, mais destruição, mais miséria e fome e superlucros para os fabricantes da indústria de morte e os especuladores de sempre. A ministra da Defesa já fala em compras de armamento em conjunto, mas não há dinheiro para problemas centrais da dignidade humana - alimentação, saúde, escola pública, habitação e justiça.

Sem exagero, o futuro da Humanidade pode estar a ser decidido nos campos de batalha da Ucrânia.

Morrem diariamente centenas de ucranianos e russos (ambos seres humanos) e parece que não basta e que é preciso a entrada de novos combatentes vindos de outros países para prosseguir o inferno bélico. Se tal acontecer ninguém sabe onde a guerra vai chegar.

Por que se foge a esta realidade? Temos o poder de fazer parar esta guerra. Os governos dependem do apoio popular. Se houvesse a coragem por parte dos povos, os governos não participariam na guerra. A paz é o supremo bem da Humanidade, sem ela os humanos são como bárbaros que se matam uns aos outros. Não se pode continuar a fazer de conta que a guerra é lá longe, porque começa num sítio e pode alastrar-se, como já vimos no passado, a todo o continente e a todo o mundo. Só a paz nos permitirá defender um futuro em que a segurança de todos os países seja o critério para a vida futura.

Este é um tempo de guerra e é preciso forjar o tempo da paz, sem invasões, de respeito pela legalidade internacional e evitar a Terceira Guerra Mundial. A questão é simples: fazer parar a barbaridade e erguer as bandeiras da paz contra as bandeiras da morte. Este é desafio mais aliciante para todos os povos e indivíduos.

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