Inquérito quer apurar os factores de exclusão e de inclusão nas artes visuais

Inquérito procura analisar as condições de acesso neste sector. Destina-se a artistas visuais com, pelo menos, cinco anos de actividade. Resultados deverão ser publicados no final de 2023.

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"Forgotten Sounds of Tomorrow", Alexandre Estrela cortesia galeria bruno múrias

Com o objectivo de mapear e analisar as condições de acesso e os factores de exclusão e inclusão no ecossistema das artes visuais em território nacional, foi lançado esta semana o inquérito online Trajectórias Pessoais e Profissionais de Artistas Visuais em Portugal (https://bit.ly/3ZgfmTB).

Destinado a artistas visuais portugueses e estrangeiros residentes em Portugal com, pelo menos, cinco anos de actividade, este questionário é o primeiro passo de um projecto de investigação promovido pelo artista visual e performer Carlos Azeredo Mesquita, da Associação Cultural Calote Esférica, em parceria com a socióloga Tânia Leão, do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, e com o apoio da Direcção-Geral das Artes. Os resultados deverão ser publicados no final de 2023.

De resposta anónima, o questionário, disponível até ao final de Abril, debruça-se sobre as seguintes áreas: caracterização sociodemográfica; família de origem e trajectória pessoal; formação e escolaridade; agregado doméstico e habitação; trabalho e rendimentos; experiências e representações sobre a profissão.

Carlos Azeredo Mesquita considera que o meio das artes visuais “tende a reconhecer que o tecido social dos artistas é marcado por significativas desigualdades, e que uma boa parte dos criadores com representação institucional será proveniente de meios privilegiados”. Contudo, é comum detectar um desfasamento entre a teoria e a prática; entre os discursos vigentes em defesa da pluralidade e os efectivos modus operandi do meio artístico. “A ideia de um mundo das artes justo e diversificado é central nas discussões actuais, mas isto choca com um facto visível: a composição social das artes não reflecte a da restante sociedade.”

Com este estudo, o artista espera conseguir coligir “razões e consequências” das desigualdades no sector, ao mesmo tempo que irá explorar questões ligadas à distribuição de oportunidades ou ao trabalho não remunerado. Numa etapa posterior, haverá entrevistas a artistas em diferentes fases de carreira, bem como a curadores e outros agentes.

Segundo Carlos Azeredo Mesquita, os dados recolhidos poderão munir o sector de “material para reflectir e investigar novas maneiras de introduzir mudanças”, “interpelar os decisores políticos” e “influenciar o modo como as instituições operam”, de modo a torná-las “mais inclusivas e democráticas”.

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