Rede nacional quântica começa a dar os primeiros passos

No prazo de três anos, os responsáveis pelo projecto da rede quântica em Portugal pretendem ter quatro pontos de interligação instalados no país.

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Ilustração de comunicações à escala global DR

Portugal vai começar este ano a dar os primeiros passos para a criação da rede nacional quântica, que garantirá a segurança das comunicações no espaço nacional, com a instalação em Lisboa de quatro "nós" num conjunto de organismos governamentais.

"É verdade que partimos com algum atraso, mas estamos com uma dinâmica muito interessante (...). O projecto vai arrancar já e no prazo de três anos pretendemos ter estes quatro nós instalados", disse à agência Lusa Armando Nolasco Pinto, coordenador do grupo de comunicações ópticas quânticas do Instituto de Telecomunicações (IT) de Aveiro.

O investigador falava à margem da abertura do "Quantum Tech Day", que decorreu esta segunda-feira no IT-Aveiro, contando com a presença do secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo.

A implementação da rede nacional quântica surge no âmbito do projecto PTQCI, no valor de 6,8 milhões de euros, que é liderado pelo Gabinete Nacional de Segurança (GNS), e tem o contributo do IT-Aveiro na concepção e implementação dos nós (pontos de interligação) quânticos que se articularão com máquinas de cifra na estruturação da rede.

Os sistemas de comunicações baseados na física quântica garantem a transmissão de dados encriptados sem possibilidade de intercepção, uma vez que eventuais tentativas de descodificação fora do destino final pretendido tornam os dados transmitidos ininteligíveis.

Armando Nolasco Pinto esclareceu que a futura rede nacional quântica vai ser estruturante no futuro do ponto de vista de segurança da informação. "Estamos a falar numa rede governamental que será usada, pelo menos numa primeira fase, essencialmente para suportar parte das comunicações do Estado", afirmou.

O investigador explicou que haverá um nó central no Gabinete Nacional de Segurança e mais três pontos de acesso no Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estado-Maior-General das Forças Armadas e Centro de Comunicações, de Dados e Cifra da Marinha.

Numa segunda fase, a rede será alargada às diferentes capitais de distrito e também às ilhas e depois aos outros países europeus, a começar por Espanha.

O investigador adiantou ainda que no próximo ano a União Europeia vai abrir candidaturas para a atribuição de apoios para a interligação das redes dos diferentes países, realçando a importância de Portugal estar "bem posicionado" para aproveitar estes incentivos.

"A ideia é que de facto, Portugal não fique atrás neste movimento que é tão importante que é criar uma rede quântica à escala europeia que garanta a segurança das comunicações no espaço europeu e também no espaço nacional", concluiu.

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