Gelo marinho na Antárctida atingiu novo mínimo histórico

O gelo marinho da Antárctida está a “encolher” ano após ano. Em Fevereiro, esta tendência negativa atingiu o valor mais baixo alguma vez registado: 34% abaixo do valor médio de referência.

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Imagem de satélite mostra a extensão do manto glaciar da Antárctida em Fevereiro de 2023, revelando os desvios em relação à média com os limites superiores (tons de azul) e inferiores (tons de vermelho) Programa Copérnico/DR

Não é novidade que gelo marinho está a “encolher” há anos: desde 2017, a extensão mensal do manto glaciar da Antárctida tem estado sempre abaixo do valor médio do período de referência (1981-2010). Agora, durante o mês de Fevereiro, esta tendência negativa atingiu o valor mais baixo alguma vez registado: 34% abaixo do valor médio de referência. Esta perda de massa gelada fica evidente na imagem fornecida pelo Serviço de Alterações Climáticas do Programa Copérnico (C3S, na sigla em inglês) da União Europeia, sobretudo nos mares de Ross e Amundsen.

A extensão diária do gelo marinho antárctico também atingiu um mínimo histórico, superando o recorde anterior, registado em Fevereiro de 2022, refere um boletim de Fevereiro daquele serviço europeu. No dia 13 de Fevereiro, o manto gelado atingiu uma área mínima de 1,91 milhões de quilómetros quadrados, abaixo dos 1,92 milhões de quilómetros quadrados de 2022, de acordo com o Centro de Informação Nacional de Gelo e Neve (NSIDC, sigla em inglês), da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos.

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A exemplo do que acontece no Árctico, o gelo marinho da Antárctida tem uma variação de área ao longo das quatro estações. Entre Setembro e Março, quando o hemisfério Sul goza a Primavera e Verão, parte do manto gelado derrete. A área mínima é normalmente atingida entre 18 de Fevereiro e três de Março. Precisamente devido a estas variações típicas, só podemos comparar dados actuais com valores médios de períodos homólogos.

O degelo dos glaciares, tanto na Antárctida como no Árctico, insere-se no contexto de crise climática que estamos a atravessar. A subida das temperaturas médias agrava o derretimento do manto de gelo que, por sua vez, adiciona água no estado líquido ao mar e contribui para a subida do nível médio do oceano.

Um estudo publicado na revista científica Nature, em 2022, mostrava que os glaciares da Antárctida estão a perder gelo e a quebrar, dando origem a icebergues. O artigo foi elaborado por investigadores da agência espacial norte-americana (NASA, na sigla em inglês) e também recorreu a imagens de satélite. A NASA estimava que os glaciares da Antárctida perderam mais de 12 mil milhões de toneladas de gelo desde 1997.

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