“Dizer que compramos atletas é intolerável”: Federação responde a Nélson Évora

Campeão do mundo disse que Pedro Pichardo foi comprado para conquistar medalhas. O presidente, Jorge Vieira, rejeita as acusações feitas pelo atleta.

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Nélson Évora disse que "foi comprado um atleta para poder ter resultados a curto prazo” EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

"Dizer que a Federação compra atletas é intolerável. É intolerável ouvir essa palavra. Nós não compramos atletas de maneira nenhuma, nós apoiamos atletas para chegarem à excelência".

Foi desta maneira que Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), abordou a polémica que envolve os campeões mundiais do triplo salto Nélson Évora e Pedro Pichardo. Ressalvando que ambos estão no direito de se expressarem, o responsável traça uma linha quando Nélson Évora fala da Federação, rejeitando totalmente a ideia levantada de que Pichardo, atleta de origem cubana, foi “comprado” pela FPA para conquistar medalhas.

“A Federação não teve sequer uma troca de palavras com o Pedro Pichardo antes de ele estar naturalizado. Não houve nenhum convite da nossa parte ou aliciamento. Troca é um termo que me choca (…) e, se ao ouvir uma acusação destas ficasse calado e a Federação não se expressasse relativamente a isto, como diz o povo, quem cala consente”, refere o responsável, em declarações à rádio Observador.

É pública a relação turbulenta entre as duas maiores figuras masculinas do triplo salto em Portugal. A mais recente troca de comentários entre os dois campeões do mundo teve início quando Nélson Évora falou sobre Pichardo no podcast “40 minutos” da Rádio Observador, uma conversa publicada na manhã deste domingo.

“Não temos um jovem júnior que esteja a saltar 16 metros, que possamos dizer: 'Se ele salta 16 metros em júnior quer dizer que vai saltar 17 metros em sénior. Se saltar 17 metros, pode ser que ganhe uma uma medalha'. Fico contente que ele [Pedro Pichardo] traga uma medalha, mas isto espelha o quê? Interesse de quem? Quem é que lucrou com isso? Foi Portugal? Claro, a curto prazo. Foi um investimento feito no curto prazo. Foi comprado um atleta para poder ter resultados a curto prazo”, acusou Nélson Évora, reforçando que "chegaram atletas antes do Pichardo que ainda não têm" nacionalidade portuguesa.

Pouco depois, Pedro Pichardo respondeu a Nélson Évora nas redes sociais. Dizendo que consegue ultrapassar a melhor marca de Évora saltando de “leggins compridas e de chapéu”, Pichardo considera que as alegações de Évora constituem uma falta de respeito.

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Pichardo respondeu a Nélson Évora nas redes sociais Tolga Bozoglu/Lusa

"Quando dizes que fui comprado estás a faltar-me ao respeito, não sou uma prostituta nem sou como tu que saíste a mal do clube porque te ofereceram mais. Não sei que problemas tens na cabeça ou se tens problemas com alguém que está no Benfica, mas não deves misturar as coisas e falar de mim”, respondeu Pichardo.

Esta segunda-feira, o presidente da FPA garante que a entidade federativa “nunca convidou um atleta a ser português”, adiantando que a maior celeridade na naturalização de Pichardo está prevista na lei, por ser considerada um caso especial na área do Desporto. Pedro Pichardo é o actual campeão olímpico em triplo salto, depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio em 2021.

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