Muçulmano foi linchado na Índia por suspeita de transportar carne de vaca

Em grande parte do país de maioria hindu o abate de gado bovino é proibido por lei. Três homens foram detidos por ligações ao crime.

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Mulheres pendem a benção a uma vaca, animal considerado sagrado pelo hinduísmo HIMANSHU SHARMA/Reuters

Um muçulmano foi morto na Índia depois de ter sido atacado alegadamente por transportar carne de vaca. A polícia deteve três homens este sábado sob suspeita de estarem ligados ao episódio.

A vítima, Naseem Qureshi, de 56 anos, morreu no início da semana no estado de Bihar, no Nordeste, depois de ser atacado por uma multidão que suspeitava que estaria a transportar carne de vaca, cuja venda e consumo é proibida em algumas zonas da Índia pelos governos locais. Segundo a polícia, Qureshi foi atacado por um grupo de pelo menos vinte pessoas e acabou por morrer a caminho do hospital.

As vacas são consideradas animais sagrados pelo hinduísmo e são frequentes os ataques contra pessoas acusadas de as matarem pela carne ou para aproveitar a pele. Geralmente, os atacados pertencem à minoria muçulmana ou integram as castas mais baixas da sociedade estratificada indiana.

Dos 28 estados indianos, apenas oito não têm qualquer restrição legislativa ao abate e consumo de vaca e em Bihar, onde ocorreu o incidente, o abate é totalmente proibido por lei e as penas podem chegar aos seis meses de prisão, de acordo com uma lei de 1955.

Os grupos hindus extremistas têm exigido a proibição total do abate de vacas em todo o país. Desde que o primeiro-ministro Narendra Modi, que lidera um Governo inspirado nos ideais do nacionalismo hindu, chegou ao poder em 2014, começaram a tornar-se mais frequentes as actividades de grupos armados que controlam o transporte de carne de vaca.

Actualmente, Bihar é governado por um partido regional, enquanto o Bharatiya Janata Party de Modi está na oposição.

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