Quem é Inês Barreto, o Sangue Novo da ModaLisboa?

A jovem de 23 anos foi a grande vencedora do concurso de novos talentos da semana da moda lisboeta. Vai frequentar um mestrado no Istituto Europeo di Design (IED), no valor de mais de 20 mil euros.

#MVR Matilde Fieschi - moda lisboa, dia 1 - 10 de Março de 2023
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A colecção "Let Us Eat Cake" de Inês Barreto MATILDE FIESCHI
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A proposta vencedora foi toda executada em látex MATILDE FIESCHI
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A colecção de Inês Barreto MATILDE FIESCHI
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"Let Us Eat Cake" de Inês Barreto MATILDE FIESCHI
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Inês Barreto MATILDE FIESCHI
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Inês Barreto MATILDE FIESCHI
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O finalista Çal Pfungst MATILDE FIESCHI
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Çal Pfungst MATILDE FIESCHI
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Çal Pfungst MATILDE FIESCHI
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Molly 98 MATILDE FIESCHI
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Darya Fesenko MATILDE FIESCHI
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Darya Fesenko MATILDE FIESCHI
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Niuka Oliveira MATILDE FIESCHI

“Bem-vindos à ModaLisboa Core na Lisboa Social Mitra. Se a ModaLisboa tem uma voz é a dos seus designers”, ouve-se no microfone na sala de desfiles, momentos antes de ser inaugurada a passerelle da 60.ª edição do evento de moda da capital. “Não há construção sem futuro.” E é pelo futuro que se dá o pontapé de saída, com a final do concurso Sangue Novo. Depois de apresentadas as colecções dos cinco finalistas, Inês Barreto sagrou-se vencedora.

Entre o público na plateia, estão sobretudo jovens, muitos deles estudantes de moda ─ ou não fosse este o momento de premiar os talentos em ascensão na indústria. Tem sido assim desde 1996, quando nasceu o concurso. Um dos primeiros vencedores foi Miguel Flor, que actualmente preside o júri do Sangue Novo, lado a lado com a stylist Elisa Nalin; a designer Joana Duarte; a gestora de projecto da ModaLisboa, Joana Jorge; a representante da IED Milano, Olivia Spinelli; o responsável pela industrialização da Tintex, Pedro Silva; e a curadora de talentos Sara Sozzani Maino.

Ao PÚBLICO, Olivia Spinelli, coordenadora e directora criativa do Istituto Europeo di Design (IED), uma escola com sede na cidade italiana de Milão, explica que um dos elementos diferenciadores da proposta vencedora é a capacidade de “continuidade” de um projecto ─ já que a componente de negócio é “essencial” ao sistema da moda.

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Inês Barreto com o júri do Sangue Novo MATILDE FIESCHI

Terá sido isso que o júri viu em Inês Barreto, a par do lado conceptual. Em breve, a jovem de 23 anos estará a caminho de Milão para o mestrado de Design de Moda, no valor de mais de 20 mil euros. Além disso, recebe uma bolsa de quatro mil euros e a possibilidade de apresentar uma colecção na Workstation da ModaLisboa, a plataforma dedicada aos criadores em início de percurso.

Também a segunda classificada, Niuka Oliveira, apresentará uma colecção cápsula no evento de moda na próxima estação, depois de uma residência artística de três semanas na Tintex. Faz, ainda, parte do prémio, em parceria com a empresa de têxteis, uma bolsa de 1500 euros.

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Niuka Oliveira MATILDE FIESCHI

“Um mundo plástico”

No final do desfile ─ onde além das vencedoras, apresentaram os finalistas Çal Pfungst, Darya Fesenko e Molly 98 ─ todos os holofotes apontaram na direcção de Inês Barreto, visivelmente surpreendida pela distinção. Quando viu o seu nome, conta ao PÚBLICO no rescaldo do desfile, nem quis acreditar. “Foi um choque, seguido de felicidade.

A paixão pela moda, recorda, surgiu por influência da avó ─ “Adorava moda e comprava a revista Hola para ver o que usava a família real espanhola.” Inicialmente, não pensou na moda enquanto percurso profissional e até fez a área de ciências no ensino secundário. “Tive aulas de desenho com o ilustrador António Carlos Soares. Foi ele que me falou da Modatex”, conta.

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Inês Barreto tem 23 anos MATILDE FIESCHI

Depois do curso, que terminou em 2021, candidatou-se ao Sangue Novo, quando atravessava “um período de insatisfação” com a moda. “Estava a sentir-me perdida. As pessoas à minha volta acham giro o trabalho dos criadores de moda. Mas depois, em vez de comprarem uma peça especial que sabem que vai durar, preferem comprar dez da Shein”, lamenta, referindo-se à marca chinesa que vende roupa online.

Foi ao trabalhar na colecção que trouxe à primeira fase do Sangue Novo que se voltou a apaixonar. “Desprendi-me dos desenhos e comecei a criar apenas pelo gosto de criar. Começou a fluir”, relata. Em Outubro, fez algumas peças em látex, material que agora desenvolve em Let Us Eat Cake, como se intitula a colecção vencedora.

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O tema vem da insatisfação que experienciou e de um grito de revolta contra a fast-fashion. “Toda a gente me perguntava se o látex é plástico (é um material natural). Quis pegar nesta ideia de um mundo plástico que já não me identifico. Estamos a destruir o mundo, mas siga, vamos comer bolo”, explica, evocando a célebre expressão de Maria Antonieta, que conheceu no filme de Sofia Coppola.

Esse conceito materializa-se nas peças em látex que abraçam o corpo das modelos em silhuetas femininas, com transparências. O material é manipulado pela jovem criadora, que faz o tingimento quanto este ainda se encontra na forma líquida. “Há sempre uma margem de erro. É um material que requer carinho e muito cuidado”, observa, com o brilho nos olhos de quem está a seguir o sonho.

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A experimentação com os materiais é algo que deseja desenvolver no mestrado em Milão. Até lá, vai continuar a aprender no ateliê da criadora Alexandra Moura, onde está a estagiar. Apesar do prémio, Inês Barreto diz não ter pressa para criar uma marca em nome próprio. “É importante sabermos trabalhar para outros, mesmo quando somos criativos. Dá-nos uma visão mais realista do que é o mundo da moda”, defende. Quando regressar de Itália, voltará à passerelle da ModaLisboa.

O primeiro dia de desfiles da semana da moda da capital contou ainda com as apresentações de Arndes, Filipe Augusto e Valentim Quaresma e a performance da artista Olga Noronha. Para sábado, destacam-se os desfiles de Luís Buchinho, Buzina, Luís Carvalho, Béhen e Gonçalo Peixoto.

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