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A luz que o Metro abre
No Porto, de São Bento até Casa da Música, em Gaia, de Santo Ovídio até à Vila d’Este, a rede do Metro vai crescendo.
É lá por baixo, no escuro, que os homens e as máquinas se entregam à obra de ir rasgando a terra para construir os caminhos que muitos outros homens e mulheres vão um dia poder trilhar, rotineiramente, casa, emprego, até esses percursos se tornarem banais e invisível o esforço que foi preciso fazer para chegar ali.
No Porto, de São Bento até Casa da Música, em Gaia, de Santo Ovídio até à Vila d’Este, a rede do Metro vai crescendo. Há que estender viadutos, abrir poços de ventilação, construir estações, cavar 3,6 quilómetros de novos túneis.
Do esforço de esburacar, partir e explodir vai irrompendo a luz, que dentro da terra conquista terreno à escuridão. Por detrás dos tapumes, lá do alto, podemos ver a cidade industrial dos exploradores de engenharia, as portas de entrada no negrume da pedra, cenários que no azul metálico da madrugada parecem saídos das pranchas de banda desenhada de Enki Bilal.
É no ano de 2023 que o autor francês, nascido na Jugoslávia, situa a Feira dos Imortais (1985), onde o herói Alcide Nikopol, depois de ter estado congelado 30 anos no espaço, vagueia pelos túneis de metro de uma futurista Paris na companhia de deuses egípcios. São os túneis de um metro passado, abandonado, exactamente o contrário do que por estes dias se passa nas profundezas do Porto, onde a luz vai abre caminhos futuros.