Ministério Público faz buscas no Santa Clara

Em causa estão factos susceptíveis de constituir prática de crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança.

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Rildo Filho festeja após marcar um golo ao Vitória SC LUSA/EDUARDO COSTA

O Ministério Público (MP) revelou esta segunda-feira ter efectuado buscas nos Açores e em vários pontos do território continental por suspeitas de alegada utilização ilegítima de dinheiro do Santa Clara através de transferências para as contas de administradores.

Segundo a nota publicada na página do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), as buscas foram efectuadas a residências em Ponta Delgada, Vila Nova de Famalicão, Moimenta da Beira, Espinho, Lisboa e Madeira. Foram também alvo de buscas escritórios de advogados situados em Lisboa e nos Açores, bem como três empresas açorianas.

"Em causa estão factos susceptíveis de constituir a prática de crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança", salientou o MP, acrescentando que a investigação do DCIAP conta com o apoio do Departamento de Investigação Criminal dos Açores da Polícia Judiciária (PJ).

A PJ emitiu também um comunicado sobre a investigação em curso, intitulada "Operação Milhafre", confirmando que as sedes do clube e da sociedade anónima desportiva açoriana estão entre os locais visados pelas autoridades.

"Entre outras factualidades, em causa estão fluxos financeiros a crédito e a débito entre as contas da sociedade desportiva com as de várias empresas e destas com contas bancárias sediadas em paraísos fiscais, sem que haja justificação da origem e do destino desses valores", pode ler-se na nota divulgada.

A operação conta com o auxílio da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), a Directoria do Norte e dos Departamentos de Investigação Criminal da Madeira, de Braga e de Vila Real, além da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática.

O Santa Clara avançou, entretanto, que as buscas realizadas estão relacionadas com actos de gestão de administrações anteriores e que pretende colaborar com o Ministério Público.

"A Santa Clara Açores - Futebol SAD confirma que decorrem nesta altura diligências por parte do Ministério Público nas instalações da sociedade anónima. Esta recolha de documentação está relacionada com actos de gestão de administrações anteriores", avança o clube açoriano em comunicado.

"Esta SAD colaborou - e assim continuará sempre a fazer - com a investigação das autoridades, aguardando pelo normal curso da justiça", afirma o Santa Clara.

O actual presidente da SAD do Santa Clara, o empresário Bruno Bello Vicintin, adquiriu 55,8% do capital social do emblema insular a 14 de Julho de 2022, substituindo Ismail Uzun, que liderava a SAD desde Agosto de 2021. Antes de Agosto de 2021, a SAD açoriana era liderada por Rui Cordeiro, que também era presidente do clube.

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