Conan, o rapaz do passado

No caso de Conan, uma experiência “pura” de leitura continua inacessível. Toda uma infraestrutura desvanecida deixou de permitir que aquelas histórias continuem a surgir da mesma maneira.

A história é familiar, uma versão de algo que aconteceu antes e depois, mas esta foi contada por Guy Davenport nas páginas da National Review em 1962. Uma escola primária na Califórnia baniu os livros de Tarzan da sua biblioteca pela inapelável razão de Tarzan e Jane não terem a situação matrimonial regularizada: viviam “em pecado”. Segundo Davenport, os editores (Grosset & Dunlap) vieram de imediato a público esclarecer o equívoco: Tarzan e Jane eram na verdade casados, com ritos anglicanos, desde o terceiro volume das aventuras, O Regresso de Tarzan, página 313. As boas pessoas da Califórnia estariam com certeza a pensar “nos filmes e não nos livros”. E o estado civil do Rei dos Macacos não era sequer a diferença mais notória entre a criação de Edgar Rice Burroughs e a sua amplificação cinemática: a distância entre o limitado tirolês de Johnny Weissmuller (que nunca chegou a apanhar o jeito aos pronomes) e a eloquência do Tarzan dos livros (que se exprimia fluentemente em inglês, francês, alemão, swahili, bantu, e meia dúzia de dialectos animais) era ainda maior.

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