O bronze de Patrícia Mamona nos Europeus soube a pouco

Triplista portuguesa entrou na final como favorita, mas esteve distante do seu nível. Após a prova, explicou que se lesionou na qualificação.

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Patrícia Mamona Reuters/MURAD SEZER

Tal como em 2021, em Torun, Portugal elevou para três o número de medalhas conquistadas nos Campeonatos Europeus de pista coberta. Mas esta terceira presença no pódio deixou um sabor amargo. Na tarde deste sábado, em Istambul, Patrícia Mamona não conseguiu confirmar o favoritismo com que partiu para a final do concurso do triplo salto e ficou-se pelo bronze.

A melhor triplista portuguesa da história entrou na final com a melhor marca de todas as concorrentes, 14,41m alcançados já neste ano - só a italiana Dariya Derkach se aproximava minimamente, com 14,25m. Patrícia Mamona era, de resto, a única das finalistas com um recorde pessoal acima da fasquia dos 15 metros (15,01m, no caso) e a mais alta representante do ranking europeu, no qual ocupa a segunda posição.

Se a este quadro juntarmos a consistência das performances da atleta portuguesa em grandes provas, o estatuto de favorita era mais do que justificado. Até porque a experiência no contexto de pista coberta também é vasta, graças às participações em cinco Europeus (oitavo lugar, quinto, segundo, quarto e primeiro) e dois Mundiais (quarta posição e sexta).

O concurso começou com uma chamada que ficou a 15 centímetros da plasticina, mas que, ainda assim, valeu à triplista portuguesa um salto acima dos 14 metros (14,16m). Esta marca deixou-a no segundo lugar após a primeira ronda, apenas atrás da turca Tugba Danismaz (14,31m, recorde da Turquia), mas a segunda série de saltos empurrou-a para o terceiro posto - “culpa” de Dariya Derkach (14,20m).

A prova atravessava ainda uma fase precoce, mas os ensaios seguintes mostraram uma versão menos confiante e fiável da atleta portuguesa, que já não foi capaz de regressar à fasquia dos 14 metros e ainda somou um nulo pelo meio. A concorrência directa também não melhorou o resultado das primeiras abordagens, o que significa que a medalha estava garantida, mas seguramente não aquela que Patrícia Mamona ambicionava.

“Era a medalha que faltava, já foi um primeiro, já foi um segundo e tenho de estar contente com o bronze”, reagiu Patrícia Mamona, conformada com o resultado para o qual tem uma explicação clara. “Tenho de estar feliz porque, até hoje, não sabia se vinha competir. Infelizmente, lesionei-me ontem [na sexta-feira] na qualificação. Não tinha dito para não alarmar. Agora estou com muitas dores, mas foi no adutor, e agora estou a sentir o joelho, o que é normal, mas eu lutei até ao fim.”

Aos 34 anos, é mais uma presença no pódio para uma atleta com um currículo que dispensa apresentações e que integra o restrito leque das triplistas que já superaram a barreira dos 15 metros.

A medalha de ouro, em Istambul, ficou mesmo para a atleta da casa, Tugba Danismaz (com os tais 14,32m), que não conteve as lágrimas, num período em que a Turquia ainda lambe as feridas da catástrofe natural que afectou parte do país e provocou uma tragédia de grandes proporções. “Era o dia dela e não era o meu. E também não tive muita sorte com a tábua, porque tinha de arriscar nos primeiros saltos e, infelizmente, foram muito atrás”, concluiu a vice-campeã olímpica.

Marta Pen sexta nos 1500m

Ao mesmo tempo que decorria a prova do triplo salto, na pista do Atakoy Arena a portuguesa Marta Pen disputava a final dos 1500m. Não terminou com uma medalha ao peito, mas o sexto lugar que alcançou contou com aquela que foi a sua melhor marca do ano (4m07,95s).

“Nós, atletas de alta competição, muitas vezes, somos tão ambiciosos que acabamos por ver o copo meio cheio e uma das coisas em que eu tenho investido muito nos últimos anos é aprender a beber o que está no copo e hoje [ontem] é o sexto lugar. Por isso, vou celebrar isso”, afirmou a atleta do Benfica, citada pela agência Lusa.

O melhor resultado português na especialidade, em Europeus de pista coberta, foi a vitória alcançada em Estocolmo, em 1996, por Carla Sacramento, que detém o recorde nacional (4m04,11s), desde 25 de Fevereiro de 2001. “Ao ler a corrida, tentei manter a calma e procurar a oportunidade certa, mas, no final, as atletas da frente foram melhores e eu estava longe do pelotão quando tentei fechar a prova”, acrescentou Marta Pen.

Na frente da corrida, impôs-se a britânica Laura Muir, uma das favoritas, em 4m03,40s, batendo no sprint final a romena Claudia Bobocea (4m03,76s) e a polaca Sofia Ennaui (4m04,06s).

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