APAV diz que investigação de abusos sexuais deve ser alargada a mais “sectores da sociedade”

Carla Ferreira diz que novas investigações podem “contribuir para dissuasão de comportamentos de abuso”, mas sublinha que é crucial existirem “estruturas de resposta para as vítimas”.

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Vigílias pelas vítimas de abusos sexuais na Igreja, Lisboa LUSA/TIAGO PETINGA

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) defende que a investigação independente dos abusos sexuais deve continuar e ser alargada a outros sectores da sociedade, para além da Igreja Católica, escreve a Renascença esta sexta-feira.

À rádio, Carla Ferreira, responsável da APAV pelo acompanhamento dos casos de violência contra crianças e jovens, diz que este alargamento de investigações ao sector do desporto, do ensino, do acolhimento ou das actividades extracurriculares pode levar a “movimentos de desocultação”.

“Será que os números da violência sexual no desporto justificam a existência de uma comissão independente? E eu retribuo a pergunta, será que os números de abuso sexual no contexto da Igreja Católica justificavam a criação de uma comissão independente? É que, se nós vamos apenas pelos números que estão actualmente registados, vamos ter, nalguns contextos, números aparentemente muito baixos”, referiu a responsável.

Carla Ferreira afirma ainda que estas investigações podem "contribuir para a dissuasão de comportamentos de abuso", mas sublinha que é crucial existirem "estruturas de resposta para as vítimas". "A dissuasão consegue-se quando todas estas ferramentas estão a acontecer em conjunto", diz.

JMJ vai ter centro de apoio à vítima

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa vai ter uma equipa móvel e um centro de apoio à vítima, segundo um protocolo assinado esta quinta-feira, que prevê a formação dos voluntários do maior encontro de jovens com o Papa.

De acordo com o coordenador-geral da JMJ, o bispo-auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, é "uma obrigação" da organização que "todas as pessoas se sintam num ambiente acolhedor", mas "tudo pode acontecer" com um milhão de peregrinos esperados no evento, que decorre de 1 a 6 de Agosto.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 ressalvou, no entanto, em declarações aos jornalistas, que "o historial" de criminalidade das sucessivas JMJ "é muito baixo, quase zero".

A APAV irá dar formação a voluntários e colaboradores, auxiliar o dispositivo de segurança e prestar apoio personalizado a eventuais vítimas de crimes durante e após a JMJ. Com Lusa

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