Cartas ao director

Greves, um direito

Sem pôr em causa o direito à greve, porque lutei antes e considero legítimo, e sem ficar indiferente às reivindicações que eventualmente tenham os trabalhadores, mas, senhores, por favor, vejam quem viaja nos comboios da CP e no Metro e vejam quem os utiliza, são os trabalhadores e o povo que não tem outra alternativa para ir trabalhar, e são eles que no princípio do mês pagam os passes e ficam sem transporte, e o artigo de ontem de João Miguel Tavares (de quem discordo a maioria das vezes) lembra como se organizam os trabalhadores da CP e em que sentido mergulhou o sindicalismo português. Sabemos que apesar de tudo os salários desses trabalhadores até nem são dos mais baixos da generalidade da média do país. Peço desculpa por este desabafo, mas o direito de uns não pode ser o castigo dos que são mais desfavorecidos e labutam arduamente dia a dia e só têm os transportes públicos para se movimentarem.

Heitor Ribeiro, Massamá

Controlar preços, aumentar salários e pensões

Os bancos ganham milhões, enquanto as famílias são estranguladas pelos aumentos exorbitantes das prestações bancárias. A grande distribuição (Sonae, Jerónimo Martins, etc.) ganha milhões, com os produtos alimentares a subirem mais do dobro da inflação estatística, enquanto as famílias apertam o cinto e a pobreza cresce dia-a-dia.

É necessário parar a subida das prestações bancárias das famílias que compraram a sua habitação e colocar os milhões de lucros dos bancos a suportar o aumento das taxas de juros. Defender só o aumento dos apoios sociais, como fez o Presidente Marcelo, em vez do controlo e fixação de preços e o aumento de salários e pensões, é continuar a encher os bolsos aos grupos económicos e financeiros.

Ernesto Silva, Vila Nova de Gaia

Agenda da resiliência

Os fundos provenientes da União Europeia negociados para o Plano de Recuperação e Resiliência têm suscitado várias dúvidas quanto à sua aplicação, o que não é de estranhar se pensarmos no oportunismo de alguns, que até criam empresas na hora para poderem beneficiar de apoios financeiros, mas que depois não cumprem os objectivos traçados.

É natural que a aplicação dos fundos da chamada "bazuca europeia" possa vir a ser alvo de escrutínio, mas a mesma também só deveria ter sido aprovada após prévia apresentação de projectos com viabilidade, e onde não houvesse margem para dúvidas quanto à sua aplicação, com a criação de emprego e resultados visíveis decorridos do investimento feito que resultasse na criação de valor.

A inexistência de um plano de execução previamente agendado, onde o calendário não estivesse dependente da burocracia que habitualmente condiciona o arranque de qualquer investimento, talvez seja o maior problema no entrave à concretização de projectos que ficam no papel, onde alguns lucram com o desvio de milhões, e onde Portugal perde na criação de infra-estruturas que podiam ser uma mais-valia económica para o país, contribuindo também para a redução dos números do desemprego.

Américo Lourenço, Sines

O ministro que se "antecipa" <_o3a_p>

Em democracia, mesmo que haja muito boas ideias, e possam parecer as mais acertadas em cada momento, há que cumprir a Constituição, e todas as hierarquias do Estado, até ser tomada uma decisão definitiva.
O actual ocupante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, alegadamente, terá convidado, e bem, o Presidente Lula a vir discursar na Assembleia da República Portuguesa. Contudo, o Parlamento não está sob a sua jurisdição, pelo que antes de ser confirmada a presença do Presidente brasileiro deve a proposta ser colocada aos deputados, e a decisão é destes.
O mesmo ministro, quando estava na Defesa, quis suplantar os seus deveres, tentando, e muito mal, passar por cima dos poderes do Presidente da República, e evidentemente foi travado por este, ao tentar fazer uma troca rápida de um dos responsáveis de um dos ramos das Forças Armadas.
A democracia, os direitos e os deveres têm de ser cumpridos e respeitados por todos nós, mais ainda por membros do Governo, deputados, membros das autarquias, todos os que são pagos pelos nossos impostos para defesa do bem comum e de regras e princípios.
O exemplo vem de cima. Sempre.


Augusto Küttner de Magalhães, Porto<_o3a_p>

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