Abraçar a vida selvagem é a chave para o nosso futuro!

Nós, seres humanos, representamos apenas 0,01% da vida do planeta e somos, ainda assim, os maiores responsáveis pelo colapso da fauna e da flora. Hoje é Dia Mundial da Vida Selavgem.

Uma das coisas mais surpreendentes sobre o nosso mundo natural é a diversidade de vida que nele existe. A biodiversidade é, inclusive, muitas vezes denominada como a “teia da vida” porque mostra como todas as espécies cooperam de forma a sustentar a vida e o equilíbrio ecológico na Terra, garantindo que todos os seres vivos sejam capazes de prosperar.

Devemos estar conscientes que a perda de vida selvagem é muito mais do que apenas a extinção de espécies raras, uma ideia que pode parecer remota e tão distante das nossas vidas quotidianas. O que muitos não compreendem é o quanto também nos afeta a todos. Esta perda não só interrompe os mecanismos essenciais necessários à produção de alimentos, como também influencia a manutenção da saúde e a regulação do clima.

Pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) percebemos o status de conservação de algumas espécies existentes que, por vezes, trazem boas histórias para contar. Por exemplo, devido aos esforços de conservação já existe uma redução do estatuto de conservação de várias espécies na escala de categorias da lista vermelha da IUCN. A má notícia, porém, é que a biodiversidade continua a diminuir. Atualmente, estão mais de 150 mil espécies nesta lista, com cerca de 42 mil espécies ameaçadas de extinção, incluindo 41% de anfíbios, 37% de tubarões e raias, 36% de corais construtores de recifes, 34% de coníferas, 27% de mamíferos e 13% de aves.

Hoje, os nossos padrões de consumo excessivo estão a sobrecarregar os recursos naturais do planeta e esta pressão sobre a vida selvagem – como a desflorestação, a caça furtiva, a pesca intensiva, a poluição e as mudanças climáticas – está a levar muitas das espécies do mundo ao limite. De acordo com o Relatório Planeta Vivo 2020 da WWF, nos últimos 50 anos, já perdemos 68% da população de vida selvagem do nosso planeta e 66% dos oceanos foram impactados negativamente.

A perda de biodiversidade está a acontecer a uma escala extremamente ampla e, se não for controlada, pode ter sérias consequências. Nós, seres humanos, representamos apenas 0,01% da vida do planeta e somos, ainda assim, os maiores responsáveis pelo colapso da fauna e da flora.

Foto
MANUEL ROBERTO

A natureza tem demonstrado uma resiliência evidente, mas não tem tempo suficiente para recuperar de todas estas alterações. Portanto, a conservação da natureza é, hoje, mais importante do que nunca e cabe-nos a todos corrigir os nossos erros para que a vida na Terra permaneça.

É, de facto, bastante complexo envolver as pessoas na preservação da vida animal uma vez que apenas protegemos aquilo que nos é próximo e conhecemos. Aqui entra o papel de um parque zoológico como parte da aproximação do ser humano à natureza, dando as ferramentas necessárias para permitir a consciencialização e valorização da vida que existe à nossa volta e, só assim, podemos perceber a responsabilidade que temos na perpetuação das espécies, incluindo a nossa.

A cada dia que passa, aumentam as ameaças à sobrevivência da vida selvagem. Novas espécies são classificadas como em perigo e algumas já nem existem na natureza, apenas em zoos, reservas ou associações, e daí a importância destes locais para garantir a não extinção de várias espécies.

Agimos ativamente para conservar a natureza e o mundo animal, com especial cuidado com as espécies que se encontram ameaçadas de extinção. Acolhemos os animais, criamos ambientes que proporcionem as melhores condições para que vivam saudáveis e se mantenham fiéis às suas origens, manifestando comportamentos genuínos.

Uma coisa é certa: preservar a biodiversidade é um papel que tem de incluir toda a população, os municípios e os Governos. Quer através de medidas que modifiquem os comportamentos individuais, quer seja pela partilha de conhecimentos e experiências, ou, até, por donativos e apoios a estes espaços que se dedicam inteiramente à missão da conservação de espécies.

Aliás, tendo em conta que cada espécie tem um impacto sobre outros da sua cadeia alimentar e comunidade, o momento dos eventos fenológicos de uma espécie pode ser muito importante para a sobrevivência de outra espécie. Neste contexto, no final do ano de 2022, foi assinado por 190 países um pacto bastante desafiador e ambicioso, de forma a restaurar 30% das áreas degradadas em termos de biodiversidade até 2030.

Sabemos, porém, que o nosso papel, ao manter animais, não substitui a ação na natureza, mas a experiência mostra-nos que o conhecimento e o financiamento que os zoos detêm, através das instituições e dos seus visitantes, podem fornecer grandes bases e apoios aos projetos de conservação de campo in-situ e fazer uma enorme diferença. Sem dúvida que os parques zoológicos e aquários formam um pilar da estrutura necessária para salvaguardar o futuro.

A conservação da vida selvagem é a preservação e proteção de animais, plantas e dos seus habitats. Esta é a única forma de garantir que as próximas gerações possam desfrutar do nosso mundo natural e das espécies incríveis que vivem nele. Para ajudar a proteger a vida selvagem, é importante entender como as espécies interagem nos seus ecossistemas e como são afetadas pelas influências ambientais e humanas. É importante querer conhecer.

Ao fim de 23 anos, podemos afirmar orgulhosamente que muitos dos visitantes que passaram pelo Zoo Santo Inácio, conheceram e abraçaram a missão de apoiar a preservação do nosso querido planeta. Sentimos, através do empenho de todos os colaboradores e dos visitantes, que a nossa missão é cumprida!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico.

Sugerir correcção
Comentar